Coluna nº 4713 de 20 de Novembro de 2013
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Estava quieto, calculando o quanto reduzir na mistura de grãos e sais minerais fornecida à Háua, minha mula de patrão, no atual verdor dos pastos no Planalto Central, quando me liga da Califórnia amigo de longa convivência automobilista.
Da conversa, saudação cortês, social, sobre o fazer, além de defender a sobrevivência do Museu Nacional do Automóvel, ante oposição dos governos de Brasília e do Brasil. Pulei explicar tal messe. Não falo mal do meu País com estrangeiro.
Também, o que é Mula-de-Patrão, Azêmola, dela diz a ciência. Cernelha alta, distinta, elegante, dotada postura superior, andar lembrando Alfa 159 – confortável, porém firme, estável, e rainha do instinto. Nem que Háua, tentativamente grafado em língua pátria, sugere vento em árabe.
Amigo fala por parábolas, perguntando: “– Se você tivesse, para o resto da sua vida, apenas um automóvel, em que banco você gostaria de sentar?”.
Confesso, após certa idade, não me aprazem perguntas com barreira de corte, mas fiquei com vontade de dizer-lhe, em matéria de cadeira perene, gostaria fosse a de diretor de estatal, nomeado pelo poder.
Ótimo salário, mordomias mis e, tão intocável que, por ação ou inação distinto público perde, diretores saem incólumes.
Caso recente do ex-presidente do Banco do Povo, quebrado, levado, com lastro oficial, para a diretoria de marketing do Banco do Brasil.
Afinal, arquiteto que quebra banco, tem toda a experiência exigida para a diretoria de estatal. Henrique Pizolatto, “o” cara, ali colocado pelo poder maior, foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato.
Mas na Itália, para onde fugiu, graças às amplas vantagens obtidas no exercer o cargo, será dottore ou Commendatore. Ótima cadeira.
Mas, falávamos de banco em automóvel, ele arrematou: “- sente-se no Benz – intimidades californianas – S Class. Não é um banco, é um trono !”.
Liguei a máquina do tempo. Automóvel excepcional, dele tive exemplar há alguns anos, quando minha mulher impôs-me ter motorista.
Claro, não prosperou, e acabei dividindo minha parte na garagem com o ocioso cidadão, o pouco usado 500 SEL, e o Alfa 164 de minha condução.
Coisas distintas, mas o Mercedes surpreendia com a agilidade, o como andava e acelerava.
Saída de meu escritório desaguava numa das avenidas estruturadoras da Capital, a 400 m da vertente de uma das pontes para o Lago Sul.
Quando o sinal nos detia na faixa da direita da primeira fila, seu abrir inaugurava momento de recreio.
Chamava-o à responsabilidade, pé esquerdo no pedal do freio; direito mantendo o motor a 2.500 rpm, solta a trava, saía viril, enchendo a primeira marcha da transmissão automática, tomando a curva à esquerda com o pé fundo, o ponteiro do conta-giros quase na faixa vermelha, mais de 5m de automóvel levemente inclinados, mas com as rodas em pleno contato.
Dois espantos: um SEL exercitando insuspeitados dotes de engenharia, e sujeito vestido como advogado dirigindo como boy-xarope.
Dele, registro com licença poética, sacanagem do Nikki Lauda, tricampeão mundial de Fórmula 1. Em encontro no Aeroporto de Frankfurt, perguntou o que eu dirigia. Falei do 500 longo e ele arrematou: “- Ah, carro bom. É o táxi mais rápido do mundo…”…
O ícone
Precisamos de ícones, e o Mercedes S 500L é o mais palpável deles. É o sonho. O é do engenheiro da Ford, da Volkswagen, BMW, Audi, Lexus, Infinity... Também, do pessoal de marketing e comercial.
É o cimo, o pico, a referência, o patamar a ser atingido. Como engenharia, produto com maior independência aos envolvidos em seu projeto.
Podem aplicar mais talento, com menos cortes de custos. O S não é projeto de contadores, mas a cara da Mercedes, o puxador da tecnologia.
A versão L, longa, é feita para conforto aos passageiros do banco traseiro, desde a conformação e regulagem dos assentos aos monitores de TV ao fundo dos bancos frontais.
O meio ambiente de sistema térmico, áudio e vedação acústica completam as boas sensações e a percepção de bons materiais, boa construção.
O automóvel plotou – e atingiu – três metas para manter a auto classificação de melhor do mundo: condução inteligente, eficiência tecnológica, essência do luxo. A missão é árdua.
A Mercedes perdeu a liderança de vendas de automóveis para BMW e Audi, e a missão renovada do atual presidente Dieter Zetsche, é recuperá-la.
Num abraço, o S puxa a fila da imagem, e o novo CLA fecha com o público jovem – e o que com ele rejuvenesce.
O projeto não considerou o L como um S esticado. Horda de clientes chineses mudou o conceito.
Projetando 30 mil vendas aos Xing Ling em 2014 – no Brasil 150… -, considerou-se seu hábito de encher a parte traseira com família e amigos. Assim tratou-a como Traseira de Primeira Classe.
O estilo oferece a mescla mágica de sensação de dinamismo a um automóvel com dimensões de Made in USA.
E a tecnologia avulta incluindo o fato de não portar única lâmpada, provendo iluminação por LEDs.
Atrás, frescuras: no poupar condutores dos veículos que o seguem, parado nos sinais ou andando em estrada as luzes traseiras baixam a intensidade…
Quantidade de LEDs impacta: cada farol 56; lanternas traseiras, 35; dentro, incluindo ambiente e desenhos de contorno em laterais, painel e console, umas 300.
No conduzir, sistema de TV da geração anterior, capaz de substituir os mostradores do painel por tela, foi incrementado.
Os mostradores circulares, lembrando relógios, são virtuais, e em tela com mais de 30 cm, e os sensores de radar, mais TV, permitem visão de 360 graus.
O assistente de visão noturna, na tela exibe maior profundidade e melhor definição o que está à frente. Há assistência para estacionar.
Interior naturalmente sóbrio, elegante, mesclando couro, madeira, metais. Som Mercedes, woofers alojados na parede de fogo. 11 almofadas de ar.
A passageiros atrás, air bag na fivela dos cintos de segurança. Em desaceleração para impacto, motor elétrico os tensiona e impede escorregar.
Diria, o diferencial nesta briga de cachorros grandes, são dois sensores frontais, lendo por antecipação as irregularidades do piso, pré programando a suspensão para absorvê-las sem transmitir à carroceria.
Bunda de ocupante não faz parte da suspensão. A estrutura tem 50% mais de rigidez às torções, sem aumento de peso, por uso de alumínio.
Isto aumenta enormemente o conforto de rolagem, e será componente a participar de automóveis das classes inferiores a médio prazo.
O motor V8, desloca 4.663 cm3, com dois turbos produz 455 cv e monumentais 700 Nm de torque.
Dianteiro, longitudinal, atracado a caixa com sete velocidades e gestão eletrônica, tração traseira. Esportivo 0 a 100 km/h: 4,8s. Velocidade cortada a 250 km/h.
Dado irrelevante, quase 10 km/l de gasolina. Não gostei do substituir a alavanca do comando das marchas por uma rodinha. Boiolice tecnológica.
Preço? Nos EUA, US$ 130 mil. Aqui, em nome de proteger – e manter - a ineficiência da indústria nacional, US$ 265.000.
Mercedes S, longo, carro-de-patrão...
Porsche Macan, o anti RR Evoque
O sucesso do Range Rover Evoque, competente misto de automóvel com utilitário esportivo, futucou a comunidade Volkswagen a aproveitar a trilha inglesa.
Fizeram misturada de peças, da plataforma do Audi Q 5 a motores V6 Porsche – 3.0 V6 bi - turbo, 340 cv; 3.6 V6 bi-turbo, 400 cv, o mais potente dos SUV compactos.
Transmissão do grupo, duas embreagens, sete marchas, e tração em todas as rodas. É o Macan – há versão diesel, V6, 3.0. 258 cv.
Do Evoque 34 cm mais comprido. Do Cayenne, o mais curioso dos Porsche, utilitário esportivo grande, extremamente rentável, 16 cm a menos.
Planos incontidos: 50 mil unidades ano, em fábrica nova em Leipzig, antes conhecida como cidade do celebrado compositor Johann Sebastian Bach.
Mundo muda. Projeta-se, a partir das vendas do Cayenne, o Macan seja o mais vendido da marca, não sendo difícil prever, daqui a alguns anos se explique a um jovem ser a Porsche rentável fábrica de utilitários esportivos, produzindo alguns esportivos apenas por teimosia histórica...
Preços largam em US$ 71 mil versões 300 cv e diesel.
Mais
Controladora da marca, a Volkswagen soma o crescente sucesso em volume e lucros da Porsche a seu projeto de vender 10 milhões de veículos, em 2018, tornando-se a maior do mundo, à frente de Toyota e GM. 200 mil Porsche, em 2018, ajudam na conta.
Nome de tortuosa lógica. Significa Tigre na conhecida linguagem indonésia, assim como Amarok, na mundialmente falada esquimó, e Tiguan, cruza de tigre com iguana ...
Macan será Porsche mais produzido
Roda-a-Roda
Parcela – Na compra de novo carro, design virou parcela importante. Designer é pop star. Caso da Kia, marca da Hyundai.
Schreyer – Peter Schreyer, bávaro, chegou, em 2006, criou identidade para os da marca, aumentou vendas, virou insólito presidente de design Kia e Hyundai.
Mundo – Selo internacional, ganhou o Golden Wheel Steering 2013 – Volante de Ouro – premiação europeia pelas revistas alemãs Bild am Sommtag e Autobild. Em 31 edições apenas outro designer laureado: Giorgetto Giugiaro.
Caminho – Schreyer é formado em Ciências Aplicadas, pela Universidade de Munique, e na London Royal College of Art. Currículo com Audi TT, formas e composição dos Kia, grade com cara de tigre, fomentadora de vendas da marca.
A3 Sedan – Ganhou como automóvel, na 23ª vez que a Audi leva o prêmio. Na Alemanha, é mensurável: dentre as marcas comuns, Audi é a queridinha da Imprensa. Recebeu-o o dr. Ulrich Hackenberg, tipo professor Pardal do Grupo VW.
Agora – No Brasil, há talentos segmentados, muitos emergentes, exportados, brilhando na Europa.
Localmente fábricas de automóveis tratam os profissionais como gerentes qualificados, sem diretoria e assento à mesa de decisões.
Antes - Já houve: Roberto Araújo, arquiteto, era diretor de Estilo, na Willys-Overland, estrela em vendas e produtos, findada em 1967, assumida pela Ford.
Aliás, nesta, João Marcos Ramos, líder da equipe autora do caminhão Cargo e de dois produtos mundiais, o EcoSport e o Ka Concept, é gerente.
Fui – Fiat não participará do instável Salão de Automóveis na Itália, 2014. Economia em crise, vendas em retração, seria em Bolonha.
Inviabilizada, mudou-se para Milão. Em sua origem, vendas Fiat cairão à metade dos 2,7 milhões, de 2007.
Exclusividade – Citroën e Microsoft cruzaram filosofia e ação compondo o C3 Xbox One Edition, marcando início de sinergia.
Xbox é jogo Microsoft, e 50 primeiros compradores do bem composto C3, baseado na versão superior, 1.6, receberão oXBox, um ano de uso livre, e o jogo Forza Motorsport 5.
Essência – Na prática, é primeira ação entre marcas cultivadoras de tecnologia. No varejo, proposta boa.
Fosse montar automóvel, acessórios, pintura preta perolada, superaria os R$ 49.900 de primeira pedida.
Mais – Ka Concept é segundo Ford mundial aqui desenvolvido. Hatch compacto, elegante, a compradores de todo o mundo, também será feito na China.
Futuro – Projeta a Ford, segmento dos compactos crescerá 35%, entre 2012 e 2017, somando 6,2 milhões.
Design, eletrônica, capacidade de comunicação, pequenos confortos internos, novo motor, no seduzir clientes ascendentes, e antigos buscando veículos de menores dimensões sem uso sacrificado.
... II – Projeta a Coluna, novo carrinho, para maio 2014, chamar-se-á Escort. Tem a ver com volume e proposta.
O Ka foi-se: europeu era Fiat 500, o daqui, nada a ver, sobre o Fiesta avô do atual. Escort tem identificação mundial.
Ka Concept, nacional/mundial, deve ser Escort.
Mercado – Valor médio dos veículos financiados, em outubro, cresceu 3% em relação ao de mesmo mês, em 2012, R$ 24.739, diz a Cetip, operadora do maior banco de dados sobre financiamentos veiculares.
Aniversário – Uma das mais emblemáticas fábricas de automóveis no Brasil comemorou 54 anos.
É a da VW, em São Bernardo do Campo, SP, primeira usina da marca montada fora da Alemanha. Até agora, de lá saíram mais de 12,8 milhões.
Atualização – Renovação encerrou referências curiosas como ter as maiores padaria e retífica de motores no mundo.
Revista, atualizada para novos produtos, e a Kombi, seu primeiro veículo e de manufatura quase artesanal, confinada em porão, desaparecerá neste ano, após o mais longo reinado de veículo no Brasil.
Hoje – Mudanças importantes, em especial sob óptica de ecologia, economia e sustentabilidade.
Nos últimos cinco anos, por construção de usina hidroelétrica, novos processos, economizou energia elétrica, água e reciclagem de metais.
Parabéns – Ford Argentina faz 100 anos. Hoje, produz picape Ranger e Focus.
Diversão – A fim de intimidades com italiana atrativa, quente e performática? Vem aí o primeiro Ducati Dream Tour Brasil.
Exitoso, é ocasião de amplo test-drive com a moto italiana, iniciando ser montada em Manaus.
$? - Serra do Rastro, SC, mais de 300 curvas, montado em Multistrada 1200. R$ 3.599, para uso da moto, gasolina, hospedagem e alimentação.
Mais? (iracema@milltur.com.br), (11)3670-5567. Prazeres, muitos. Vagas, contidas.
Caminho – Brasiliense Felipe Guimarães, com patrocínio de Faculdade Evangélica/Marc JR/Hitech Racing, Campeão Sul-Americano de Fórmula 3.
Bom de serviço: 12 vitórias, 11 voltas mais rápidas, 6 pole positions, venceu por antecipação.
Ao lado do Felipe Nasr, são esperança de movimentar volta do País à Fórmula 1.
Descenso – Neste ano, o Brasil, nas últimas décadas uma surpresa por volume de participantes e resultados, terá apenas Felipe Massa a nos representar.
Retífica RN – Leitores cobram auditoria aritmética. Coluna passada disse sobre motor de 3 cilindros com 16 válvulas. Correto, serão 12.
Em 1954 a Fiat quase veio para o Brasil
Embora haja crença de que a fabricação de automóveis Fiat no Brasil se iniciou em 1976, em Betim, MG, com o modelo 147, a marca se faz presente oficialmente desde 1910, e tentou implantar-se industrialmente algumas vezes.
Com os Irmãos Grassi, pioneiros, com agregação mínima de componentes; com a Matarazzo, ampliando o espectro de mão de obra, fazendo acabamento final incluindo pintura, então referenciada como a melhor e mais duradoura.
Entretanto, década de '50, com o País sinalizando condições para implantar uma indústria de automóveis, concedeu operação de montagem, finalização e distribuição a uma empresa particular e pioneira, a Varam Motores.
Representava a estadunidense Nash, tinha as melhores instalações industriais.
Seu executivo local, o longevo e agitado Primo Fioresi, intermediou o negócio e a Fiat autorizou importação dos Fiat 1400 e 1900, sedãs de 4 portas.
Além do mais, ônibus e caminhões. As instalações da Varam ficavam no km 23 da Via Anchieta. Em frente a ela, a Volkswagen se instalou.
O mercado brasileiro iniciava acelerar e o parque de auto-peças se desenvolvia com rapidez.
As condições indicavam, seria fácil dinamizar a produção com bom conteúdo local. A Willys-Overland, quarta fabricante dos EUA, dizia-se, comprara ampla área alguns quilômetros antes, e também era voz corrente no mercado, traria parte de sua fábrica em Toledo, Ohio, para produzir Jeeps no Brasil - como o fez, a partir de 1955.
Ocasião, projeções e as excelentes instalações industriais da Varam Motores instigaram a Fiat propor negócio de associação com o imigrante empreendedor Varam Keutenedjian, ativo armênio que fizera fortuna e o maior lanifício do País.
Seria acionista majoritária, tocaria a operação, e a família teria participação societária.
O pioneiro da industrialização pensou muito, mas declinou da oferta, temendo, ante a disparidade de meios, perder o negócio no qual era sócio de seus cinco filhos, ante alguma chamada para forte aumento de capital - como usualmente ocorre.
O negócio se diluiu, houve perda de interesse por um lado, insegurança pelo outro, a montagem dos Fiat se interrompeu e este fabricante somente veio para o Brasil após a corajosa ação do governador mineiro Rondon Pacheco junto ao governo federal para abrir a oportunidade de novos fabricantes se instalar no País, como ocorreu em 1973.
Ala da produção Fiat na Varam Motores, com a logo da marca (da Internet).
Endereço eletrônico: edita@rnasser.com.br
Fax: 55.61.3225.5511
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