Volvo 740 D - O quadradão quase indestrutível e insubmergível
Por Ricardo Caffarelli
Em meu último artigo, escrevi sobre a Mercedes 250 T 1980, bege, a primeira station-wagon da Mercedes que fez muito sucesso em todo mundo.
Desta vez escolhi um verdadeiro tanque de guerra ou seria um submarino? Até o final da matéria vocês descobrirão.
Feio, sim, muitos vão concordar (embora seu design tenha a assinatura da famosa casa italiana BERTONE – modelo 780), mas se você pudesse passar uns dias com ele, tenho certeza que sua opinião iria mudar, pelo menos o veria por um outro ângulo.
Numa época em que começaram a trazer muitos carros importados usados, um conhecido nosso nos ofereceu este sedã que chamou a atenção do meu pai pelo fato de ser um sedã a Diesel.
Numa época em que começaram a trazer muitos carros importados usados, um conhecido nosso nos ofereceu este sedã que chamou a atenção do meu pai pelo fato de ser um sedã a Diesel.
Os brasileiros não estão acostumados com “carros de passeio” movidos a Diesel até porque é proibido por lei a comercialização deste tipo de veículo sempre com a desculpa de que no Brasil o valor de venda do óleo diesel é subsidiado e que seu uso é destinado a veículos de grande porte como caminhões e ônibus. Os utilitários aqui também é que encontraram uma brecha e acabaram sendo incluídos nessa lista.
Sendo assim circulam no País poucos exemplares deste tipo de carro. A maioria trazidos por embaixadas ou consulados.
Hoje, se você quiser comprar um carro pequeno a Diesel só adquirir uma Land Rover Freelander 2, por exemplo, ou um sul-coreano de nome esquisito, Ssangyoung.
Hoje, se você quiser comprar um carro pequeno a Diesel só adquirir uma Land Rover Freelander 2, por exemplo, ou um sul-coreano de nome esquisito, Ssangyoung.
Há pouco tempo também havia alguns modelos da Kia, mas na Europa é muito comum ver Opel-Corsa, Peugeot 206, entre muitos outros pequenos com motores a Diesel.
O motor a Diesel é o que tem a maior eficiência energética que existe (relação de quantas calorias ele consome versus o que ele produz).
Claro que no passado os motores a Diesel eram muito ruidosos, pesados, com baixa potência mas hoje em dia estão muito desenvolvidos. Num carro moderno você quase não percebe a diferença.
Então, um dia no início dos anos 90, subindo para Petrópolis nos deparamos com esse carro branco, de linhas sóbrias.
Depois de uma pequena volta, meu pai ficou satisfeito e comprou sem nem pensar se teria problemas no futuro com a documentação pois tratava-se de um importado usado.
Veio por Fortaleza onde na época havia uma liminar que autorizava a entrada desses carros e sua nacionalização.
Acho que o fato que mais chamou a atenção do meu pai foi a disposição desse motor a diesel.
Já tínhamos adquirido uma Mercedes 300 D sedan, com motor cinco cilindros, cambio mecânico, bastante econômica mas que ficava a desejar em termos de desempenho.
Este volvo tinha um motor seis cilindros em linha aspirado e girava quase igual um motor a gasolina.
O vendedor logo comentou, fiquem tranquilo com relação a peças para o motor. Esse motor é igual ao da Kombi a diesel só que com dois cilindros a mais.
Ufa, menos mal.
E embarcamos de Volvo.
Era um modelo básico da linha (o top tinha a sigla GLE). Sendo assim tinha rodas com bonitas calotas, direção hidráulica, confortáveis bancos de couro e só! Nada de vidros, travas, bancos elétricos...
Acho que o fato que mais chamou a atenção do meu pai foi a disposição desse motor a diesel.
Já tínhamos adquirido uma Mercedes 300 D sedan, com motor cinco cilindros, cambio mecânico, bastante econômica mas que ficava a desejar em termos de desempenho.
Ufa, menos mal.
E embarcamos de Volvo.
Não tinha nem ar condicionado, seu maior pecado. Mas numa época em que as geleiras estavam ainda inteiras e no Rio de Janeiro havia uma estação chamada inverno, conseguíamos usar bem o automóvel. Bom isolamento térmico e acústico e a cor branca é claro também ajudavam.
Excelente ergonomia, uma direção hidráulica leve “ma non troppo”, uma ótima estabilidade, freios a disco nas 4 rodas, tração traseira, cinco marchas bem escalonadas e na estrada, pasmem, cansei de andar a 160 km/h com o carro completamente estável.
Seu motor Volkswagen (código D24) produzia 80 Bhp a 4.800 rpm, 14,3 kgf de torque a 2.800 rpm. Com uma taxa de 23:1 (muito alta) e seu delicado cabeçote de alumínio, tivemos uma vez que abrir e soldar uma pequena rachadura entre um cilindro e outro.
Excelente ergonomia, uma direção hidráulica leve “ma non troppo”, uma ótima estabilidade, freios a disco nas 4 rodas, tração traseira, cinco marchas bem escalonadas e na estrada, pasmem, cansei de andar a 160 km/h com o carro completamente estável.
Além disso, apenas umas velas de aquecimento para partida a frio (compradas na VW) e nada mais.
Havia também uma opção de motor turbo-diesel que atingia 109 bhp. Deveria ser melhor ainda.
Com um tanque de 60 litros e um baixo consumo, sua autonomia era surpreendente. Até os frentistas dos postos de gasolina ficavam perplexos. Tínhamos de avisar antes que era Diesel senão colocariam gasolina.
Então, chegou a hora do submergível. Morávamos em São Conrado e infelizmente numa bela madrugada choveu torrencialmente na cidade.
Havia também uma opção de motor turbo-diesel que atingia 109 bhp. Deveria ser melhor ainda.
Com um tanque de 60 litros e um baixo consumo, sua autonomia era surpreendente. Até os frentistas dos postos de gasolina ficavam perplexos. Tínhamos de avisar antes que era Diesel senão colocariam gasolina.
Então, chegou a hora do submergível. Morávamos em São Conrado e infelizmente numa bela madrugada choveu torrencialmente na cidade.
No condomínio onde morávamos já haviam acontecido alguns alagamentos tanto que quando construímos nossa casa nova, a fizemos num nível bem acima do nível da rua, inclusive a garagem.
O problema é que a mesma vivia lotada e então tínhamos que “espalhar” os carros pelo condomínio.
Em torno de seis da manhã, meu pai bate na porta do quarto, eu acordo assustado com a batida e com o barulho da chuva.
Abro a janela do meu quarto e já vejo a rua alagada com cerca de dois palmos d´água. Coloco a primeira roupa que vejo na frente e desço para começar a tirar os carros.
Um dos primeiros foi um Honda novinho CR-X (um dois lugares targa) e um BMW 325-i zero também.
Levei-os para uma parte mais alta da rua, entretanto não tivemos tempo de tirar o Volvo, até porque também não acreditamos que a água iria chegar até ele. Mas a chuva foi implacável e o Volvo ficou só com o teto para fora d´água.
Até um caminhão Ford Cargo, baú enorme que usávamos para transportar carros ficou com água até metade do para-brisa. Na parte mais baixa da rua a água chegou a quase 2 metros de altura.
Vendemos o Volvo do jeito que estava. Trocamos o óleo e não foi difícil que o motor funcionasse, mas o interior ficou sujo e temendo pela parte elétrica vendemos o 740 D.
Passados uns anos reencontrei o Volvo na mesma oficina em Petrópolis. Estava lá bonitão de novo. O dono da oficina havia o recomprado e reparou o seu defeito mais grave, a falta de um ar condicionado.
O carro estava apresentável, com poucos detalhes “adaptados” de outros carros como as calotas, manopla do câmbio, luz da cabine...
Depois nunca mais vi o carro. Aliás, é muito difícil encontrar Volvos da série 700, no Brasil, mas se encontrar um e estiver em bom estado, compre!
Um carro barato e de excelente qualidade e durabilidade. Por curiosidade pesquisei na internet e encontrei um com 62.000 km, aparentemente, em ótimo estado por 1.500 Euros... só que está na França. Alguém se arrisca? Fica aqui a dica!
Espero que tenham gostado e até à próxima.
Um abraço.
Espero que tenham gostado e até à próxima.
Um abraço.
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