Pesquisar este Blog do Arnaldo Moreira

quarta-feira, 13 de junho de 2012

ROBERTO NASSER CONTA TUDO O QUE ACONTECEU NO ENCONTRO ANTIMOBILÍSTICO, DE ARAXÁ, COM DIREITO A FOTOS DE RELÍQUIAS VALIOSAS. EXPLICA A VANTAGEM DO CÂMBIO DUALOGIC DO FIAT BRAVO 2013 E APONTA UM CRESCIMENTO NAS VENDAS DOS IMPORTADOS E MUITO MAIS




End. eletrônico: edita@rnasser.com.br - Fax: 55.61.3225.5511

Coluna Nº 2412 de 13 de junho de 2012


Os brilhos e reflexos do 
antigomobilismo em Araxá
Países e automóveis têm relação imbricada, marcam-se por eventos distinguidos entre os demais. Assim, como o Salão do Automóvel reluz superiormente no Parque Anhembi da capital paulista, em matéria de variedade e elegância do antigomobilismo, o destaque é o Brazil Classics Fiat Show, anos pares, em Araxá, estância hidrotermal do Alto Paranaíba, MG. Neste não diferiu.

Há situações sempre favoráveis, como o patrocínio da Fiat Automóveis e suas associadas e a imponência do hotel, misto de castelo e palácio, dominando a paisagem enfeitada por jardins de Burle Marx, fontes de água, lagos. A mescla dos veículos multicoloridos em frente à construção enfatizam a arquitetura, em composição plástica superior à oferecida por mostras sul-americanas e acima do trópico.

Neste ano, o 20º do evento em tal sítio, a chuva que lavou parte do feriadão de Corpus Christi amainou o entusiasmo de alguns colecionadores que, apesar de inscritos, não compareceram, possivelmente com delicado receio de molhar seus automóveis... Mas, preciosismos e radicalismos à parte, nos quase 300 participantes havia linha comum: veículos, raros, caros, bem cuidados ou bem restaurados. 

Uma ou outra derrapagem, como aplicação de pintura metálica em época ou marca que não a utilizava, rodas e pneus em medidas confortáveis embora não originais, referências históricas torcidas, questões pontuais, desclassificatórias para obter a placa preta, rótulo de originalidade, mas, no caso, onde tal objetivo não era buscado pela Federação Brasileira de Veículos Antigos, que apadrinha o evento, eram desprezíveis relativamente ao conceito e em meio às marcas e modelos imponentes.

Referências importantes em país de pouca lembrança, o centenário Benz 1911, ex-Cardeal Arcoverde; o espanhol de qualidade Hispano-Suiza 1916, nivelados aos Rolls-Royce; representantes de marcas extintas - Maxwell Touring 1917, Graham Paige Roadster 1928 e Huppmobile Phaeton 1923 pela mão de Marcus Meduri presidente do novo Veteran Car Club de SP – e os sempre impactantes Cadillacs. Nestes, destaque e louvação à premiada família Rigotto Gouveia, arrasando com unidades conversíveis dos anos 50 e uma limousine

Da marca, igualmente atraentes, os premiados limousine Derham e conversível dos paranaenses colecionador Luiz Gil Leão e restaurador Marco Conte.  Curioso Landaulet de 1923, exibia o conceito social da época, onde o chauffeur, como se dizia, ía exposto às variações do tempo, e unidades da virada da década de 20, com motor V 16. Caras raridades, produzidas e consumidas em pequena quantidade, tendo em vista a demanda contraída no período de crise norte-americana. 

No time de impacto, Packard Super Eight (motor de oito cilindros em linha e grande cilindrada) luxuosa carroceria Dietrich, de 1934. Dentre os Rolls-Royce, dois Phanton V, feitos em 516 unidades, entre 1959 e 1964, e um Silver Wraith marrom, 1952, em carroceria H. J. Mulliner. 

Rolls Silver Wraith Springfield 1923, de Rubio Fernal, prêmio Roberto Lee de excelência (foto Giacomo Favreto)
O Silver Wraith Springfield de 1923 – raridade inglesa montada nos EUA – ganhou o prêmio Roberto Lee e o colecionador brasiliense Rúbio Fernal engrossou o reconhecimento à frota da capital, com premiados Austin Healey, de Renato Malcotti, e o último Ford Landau Presidencial que serviu ao Palácio do Planalto, levado pelo Museu Nacional do Automóvel.

 O premiado Landau Presidencial do Museu Nacional do Automóvel (foto Teresa Gago)
Sob o aspecto de cultura automobilística, resgate pelos irmãos Marx de Kombi Barndoor, alemã de 1950, restrito modelo com enorme tampa para o motor 1.100, e quatro veículos recém importados cumpriam a função: inglês Aston Martin DB2; francês La Licorne; italianos Alfa Romeo 1900 carroceria Touring e Giulia SS carroceria Bertone, todos premiados. Ao todo distribuíram-se 63 prêmios.

Enfeites
Subeventos ocorreram sob a confortável sombra do Encontro. Leilão – que se sedimenta e educa participantes – vendendo 35% dos 105 lotes inscritos, recordistas R$ 400 mil, por Ferrari 365GT Coupé e comportamentos curiosos como os dos donos de Ford Maverick GT e motoneta Vespa, não provocados pelos respectivos lances de R$ 110 mil e R$ 17 mil. 

No leilão, constatação preocupante: sensível parte dos automóveis era recém-importada, às vezes com reforma rápida, sem qualidade, fomentando comércio, descaracterizando a legislação que autoriza a importação dos antigos para incrementar o patrimônio automobilístico nacional.

Hábil, fazendo lances, José Luiz Gandini, representante nacional da Kia bancou R$ 390 mil por um Ford Thunderbird 1957, engrossando sua coleção de conversíveis V8 automáticos. A feira de peças foi contida, porém, adequada, rica, movimentada, variada. 

Do emblema, da calota, da revista antiga e, até, como adquiriu o Curador para o Museu Nacional do Automóvel, em Brasilia, raro exemplar de pequena série de mini fórmulas construída pelo piloto e recordista brasileiro de velocidade Norman Casari, ao final dos anos 60.

Evento elegante, contava com artistas aptos a retratar veículos dos colecionadores e o jornalista Jorge Meditsch, com ilustrações de suas fotos dos antigos, tratadas por computador na conhecida exposição Autorretratos.

O colecionador carioca Paulo Lomba promoveu duas premiações. Uma, Esportivo Nacional, ao Brasinca 1965 do organizador Otávio Carvalho, e uma homenagem a Ferdinand “Butzi” Porsche, recém passado, criador do mítico 911. No desfile de variados exemplares, ao volante do modelo anterior, o 356, insólita presença de André Biagi, maior colecionador brasileiro de Ferraris.

No evento, eleição para a Federação Brasileira de Veículos Antigos, com repetição de metas anteriores não alcançadas.
Presente, interessado, discreto, simpático, sem segurança ou enxame de assessores, o governador de Minas Antônio Anastasia. Ficou todos os dias.

Réplica?
Questão cultural, no átrio do Tauá Grande Hotel, exemplar do Benz Patent Wagen, primeiro veículo útil e auto móvel. De propriedade dos Rigotto, adquirido há dois anos à Mercedes-Benz, e porta o número 77 da nova leva produzida.

Réplica?
 Não. Feito com desenhos originais, materiais idênticos, por processos assemelhados, e pelo mesmo fabricante, não é réplica pois nada copia de veículo extinto, mas projeto com produção não seriada. Insólito, peculiar. Réplica ?  Não.

 Benz Patent Wagen. A história do
automóvel útil começa com ele.
A evolução do câmbio Dualogic, no Bravo 2013
Dualogic é o sistema automatizador da caixa de marchas dos Fiat de maior preço. Envolve eletrônica, eletricidade e hidráulica e, na prática, faz um carro com transmissão mecânica funcionar como automático. Não fica por aí, abandonando o uso do pé esquerdo pela ausência do pedal da embreagem, como nos automáticos – aliás, a maneira correta em um e outro, é usá-lo para frear. Tem duas e opostas aplicações: para quem não gosta de trocar marchas, usufruindo da economia de movimentos no para-e-anda cansativo de nossas ruas; e para apreciadores do cambiar com respostas rápidas – o Dualogic, para estes motoristas, faz a mudança pela alavanca ou por aleta sob o volante, em tempo muito menor. Em ambas as situações consome menos energia que o câmbio automático.

Ao surgir, há quatro anos, seguido por similares da Volks e da GM, era lento no trocar marchas, dava tranco no carro. Você sabia que o carro passante era automatizado pelo balançar da cabeça dos ocupantes nas passagens de marchas. E tinha lógica atrapalhada e de ação lenta para reduzir. 

Agora isto mudou. A Fiat e a Magneti Marelli, produtora do sistema, traçaram evolução na programação eletrônica e o resultado prático se nota na passagem das marchas, mais rápida em quase ½ segundo, na objetividade da redução, funções adicionais, gera marcha lenta mais alta para manobrar sem pressionar o acelerador e de deter o carro em ladeiras de até 8% para arrancada sem pisar no pedal do freio.

Enfim, agrada aos extremos em opção a R$ 2.500, hoje marcante no novo Bravo, e em breve permeará a outros Fiat, como disse Cláudio Demaria, engenheiro-chefe da Fiat, na única frase clara na entrevista em que as explicações dos engenheiros da Fiat se enovelavam nas dúvidas dos engenheiros jornalistas.

Bravo
Mais jeitosa no segmento, a linha Bravo 2013 mudou a listagem. Sai o Absolute, manual. Mantém o torcudo motor FPGT 1.8 16V e 132 cv. Versões Essence a R$ 53.140; com opção Dualogic R$ 55.600; novo Sporting R$ 58.140 (o pacote diferenciativo vale mais que os R$ 5 mil de diferença); Dualogic Plus a R$ 60.600. T-Jet 1,4-litro turbo, gasolina e câmbio manual de seis marchas, R$ 66.230,00. Preços com IPI reduzido, válidos até final de agosto.

Bravo Sporting 2013, melhor pacote da linha

Roda-a-Roda
Baixa – A venda de 12.288 carros importados em maio significou 4% de crescimento relativamente a abril, e menos 35,6% quanto a maio de 2011. Alta do IPI e crescimento do dólar são as causas. A Abeiva, associação dos importadores, preocupa-se.

Aviso - Diz Flávio Padovan, presidente, o fim dos estoques com IPI antigo irá majorá-los, as vendas cairão e a contenção de custos passará por demissões. Hoje, a rede de distribuição emprega 35 mil, em 882 concessionárias.

Corte – A JAC começou cortar pessoas no escritório cental.

Parrudo – Novo Kia Mohave, duas motorizações: diesel 3.0 V6, 24 válvulas, 256 cv, transmissão automática com 8 velocidades, a R$ 189.900, e gasolina, 3.8, V6, 24v, 275 cv. Transmissão pobre, automática, 5 velocidades, a R$ 169.900. Em ambos, bom pacote de confortos e segurança, sensações com o diesel são incomensuravelmente superiores.

Melhor – Pesquisa do instituto JD Power com a revista What Car? sobre satisfação de clientes, deu a Jaguar como fabricante número 1 na Inglaterra. Dentre 18 mil pesquisados sobre desempenho, conforto, design, qualidade, custos de manutenção, os donos de Jaguar são os mais felizes. Superaram todos os demais – incluindo Rolls-Royce, Bentley, Lotus.

Quem diria – Há anos revista norte-americana definiu o Jaguar com ácido humor, dizendo ser o melhor automóvel do mundo – quando funciona. Ao que parece deu resultado o bom trabalho de saneamento feito pela Ford e mantido pelo grupo Tata, atual dono.

Melhor? - Pessoal da Ford ri: quem andou no novo picape Ranger, com motor diesel Ford, cinco cilindros, 200 cv, diz ser o melhor no serviço.

Nicho – Engenharia da Fiat surpresa com o rendimento do Chrysler V8 300C – não importado por esta associada. Quer validar a versão para o nosso mercado.

Clientes – Se você tem amigo com deficiência visual e interessado em veículos, avise-o: a Ford Credit é a primeira financeira de montadora no Brasil a implantar página de internet acessível.

Volta – O Brasil quer voltar a produzir veículos bélicos, e o primeiro ficou pronto: é o blindado anfíbio Guarani. Diesel industrial FPT, 383 cv, câmbio automatizado leva até 11 soldados. Desenvolvido com a Iveco, terá fábrica exclusiva para as 2.044 unidades do contrato inicial.

Situação – Líder no mercado, preocupada com a queda de vendas, previsível pelo aumento de preço dos caminhões em função da mudança dos motores para obedecer às novas regras de emissões Euro 5, a MAN faz o Feirão Sob Medida em todos seus revendedores. Um dos atrativos, garantia de 2 anos.

Treino – Por conta de restrições impostas ao tráfego aéreo carioca durante o Rio +20, a Gol suspendeu 41 voos nos dias 20, 22 e 23.

Antigos – No ano em que a Federação Brasileira de Veículos Antigos comemora 25 anos de fundação, Henrique Thielmann, reeleito presidente, não apresentou propostas, mas, comentários sobre pautas antigas: fazer os carros andar; concatenar eventos; aplicar-se na legislação de importação de carros. Como não há projetos, não há compromissos para cumprimento. Nada muda.

Gente Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen e MAN, eleiçãoOOOO Personalidade de Vendas da América Latina, em 2012, pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. OOOO Paolo Del Noce, engenheiro, turinês, 45, experiência. OOOO Diretor de Veículos de Defesa da Iveco, para produzir o anfíbio blindado Guarani. OOOO Substitui o competente Appio Aguiari, criador recém aposentado. OOOO Fabrício Migues, jornalista, novo pouso. OOOO Na assessoria da Nissan. Era da JAC. OOOO








Um comentário:

  1. Excelente reportagem sobre o evento de Araxá. Como sempre, o Nasser escrevendo com todo o conhecimento sobre nossos antigos. Faltou o relato da justa homenagem ao antigomobilista Og Pozoli, feita durante a premiação.

    ResponderExcluir

Faça seu comentário

ACESSE TODAS AS POSTAGENS E SAIBA TUDO SOBRE O MUNDO AUTOMOTIVO.