Alta
Roda
Nº 687 de 26 de junho de 2012
Fernando Calmon
PANACEIA UNIVERSAL
Analisar
os rescaldos da recém-encerrada Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, nunca foi tão fácil. Muita conversa,
muito debate e, na hora de concluir, poucas soluções, para ser condescendente.
Leque de assuntos amplo demais, representantes de 193 países e curiosos
misturados a chefes de estado (além de ausências de peso, a presidente vizinha veio
apenas para as fotos e se retirou), só podia dar no que deu.
Sob
o guarda-chuva da moda, sustentabilidade entrelaça tantas atividades e
interesses em jogo que embute o grande risco de perda de foco. Alguns objetivos
são conflitantes e o relatório final não agradou, apesar de palavras elegantes.
Acima de tudo, ninguém soube apontar de onde surgirá o dinheiro para os necessários
investimentos, por mais que o retorno seja promissor e garanta o futuro do
planeta.
Se
o maior vilão do momento é o gás carbônico (CO2), um dos
responsáveis pelo efeito estufa/mudanças climáticas de origem humana, fica simples
achar os causadores. Estudos de vários autores apontam, em termos mundiais, que
transporte sobre pneus (automóveis, caminhões e ônibus) respondem por 16% do
total de emissões; trens, barcos e aviões, 6%; queima de combustível fóssil em
usos diversos, 12%; indústria e construção, 18%; eletricidade e aquecimento,
nada menos de 44%; outras fontes, 4%.
Ao
considerar o metano, gás 20 vezes mais ativo no efeito estufa, agricultura e
criação de animais (flatulência) têm peso tal que dilui os percentuais citados.
Apesar disso, automóveis são o alvo predileto, o que não exclui o esforço para
torná-los mais econômicos ou partir para biocombustíveis e tração elétrica,
alternativas sem abrangência universal.
Alguns
fabricantes montaram estandes no Parque dos Atletas, no Rio de Janeiro, para a
conferência. Além da BMW, um dos patrocinadores principais, a Volkswagen
apresentou a Bulli (Kombi moderna e elétrica), Renault e Nissan tinham carros
elétricos no transporte de membros de delegações e a Mitsubishi, o i-Miev.
Mini
elétrico e Série 1 cupê Active-E, ambos experimentais, formam a base de testes no
mundo real de componentes para a submarca da BMW e seus próximos modelos i3
(totalmente elétrico) e i8 (híbrido esporte de alto desempenho). A fábrica
alemã investiu em fibra de carbono em toda a carroceria para compensar o alto
peso das baterias. Quando estrear, em 2013, o i3 se destacará por apenas 1.200
kg de massa total, 330 kg menos que o Nissan Leaf.
Nas
conferências no estande, diretores reafirmaram que a submarca terá preço para
remunerar os altos investimentos. Esperam incentivos não somente tributários
dos governos, como na infraestrutura, e que compradores se sintam estimulados
em pagar mais em troca de economia no custo de utilização e menor impacto
ambiental.
E
foram bastante objetivos: no ciclo de vida completo, o i3 emitirá até 50% menos
de CO2 em relação aos seus atuais modelos mais eficientes com
motores a combustão. Desde que a energia elétrica venha de fontes renováveis, cenário
bastante distante do atual em nível global e de difícil solução. Em outros
termos, carro elétrico não é neutro em CO2 e muito menos a panaceia
atribuída a ele.
RODA
VIVA
HYUNDAI-BRASIL já faz previsão de cronograma
para seu primeiro compacto no Brasil. Julho, definição do nome (sem letra “i”;
já se especulou “i15”); setembro, lançamento para imprensa; outubro, Salão do
Automóvel; novembro, inauguração da fábrica; dezembro, vendas. Hatch terá
motores de 1,0 e 1,6 litro, manual e automático (só no 1, 6 l). Sedã chega no
início de 2013.
APESAR de desmentidos
veementes, Peugeot vai produzir no Brasil novo sedã 301, em 2013, que ocupará o
lugar do 207 Passion. Modelo estreia em setembro no Salão de Paris, embora seus
maiores mercados estejam fora da Europa Ocidental, onde sedã compacto não emplaca.
Utiliza mesma arquitetura do 208, a ser produzido em Porto Real (RJ), no início
de 2012.
RENAULT, por sua vez, decidirá
o que colocar no lugar da Mégane Grand Tour que para de ser fabricada no Paraná,
no próximo mês. Há duas opções: monovolume Lodgy, baseado no Logan/Sandero, ou outra
station. Problema: projeto do sedã Fluence não inclui opção de perua e este
segmento segue em baixa no Brasil.
CHEVROLET Cruze Sport6 não tem
preço tão competitivo, na faixa que vai de R$ 60 mil a 80 mil, porém nível de
equipamentos agrada. Desde a caixa manual de seis marchas ao controle
eletrônico de trajetória e tração, passando pela tela multimídia, o hatch
oferece espaço interno e motor de 1,8 l/144 cv adequados. Dirigibilidade melhor
do que Cruze sedã.
DENATRAN desistiu da
exigência absurda de reconhecimento de firmas em cartório para identificação do
condutor infrator, no caso de transferência de responsabilidade de multa de
trânsito. Agora é preciso juntar ao formulário de identificação cópias da CNH
do infrator e da identidade do proprietário do veículo. Resolução pode ser
vista em tinyurl.com/7lxrotz.
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fernando@calmon.jor.br
e www.twitter.com/fernandocalmon
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