24/1/13
Fernando Calmon
QUEM PAGA A CONTA
Salões de automóveis sobem seu astral quando refletem
recuperação de vendas e produção. Essa atmosfera positiva marca o Salão de
Detroit que se encerra neste domingo.
Afinal, o mercado está em franca expansão
(13% em 2012), embora as marcas locais, à exceção da Jeep, continuem patinando
na preferência do consumidor.
Simbolismo do Corvette Stingray, em sua sétima geração,
ajuda a levantar autoestima da Chevrolet. Todo novo, herda características de marcas
alemãs como câmbio manual de sete marcas (até agora só no Porsche 911) e
distribuição de peso de exatos 50% em cada eixo (ponto de honra da BMW).
No outro extremo, a picape pesada Silverado reformada coloca
pressão sobre a arquirrival série F, da Ford. A reação veio da picape
conceitual Atlas, visão antecipada da nova F-150, em 2014.
Houve comentários de
que a empresa ousou na estratégia e talvez se reflita nas vendas do modelo
atual.
Leves reestilizações do Grand Chrerokee e Compass,
acompanhadas de versões diesel e câmbio automático convencional no lugar do CVT
(no final do ano, aqui), continuam a animar a Jeep.
Essa edição do salão está mais atraente para o mercado
brasileiro. O SUV-conceito compacto da Honda sobre arquitetura do Fit e a bem-vinda
reinvenção estilística do Corolla, batizada pela Toyota de Fúria (interior não
exibido), antecipam o que será também produzido aqui, em 2014/15.
Outra novidade está fora do Salão, mas mostrado a
jornalistas na véspera do dia de Imprensa. Mercedes-Benz CLA, sedã compacto
anabolizado com base nos Classes A e B, além de carro mais aerodinâmico do
mundo (Cx incrível de 0,22), deverá abrir a produção no Brasil.
Falta a empresa
alemã bater o martelo, mas Dieter Zetsche, principal executivo mundial, admitiu
ser mais viável um acordo com a Nissan, na fábrica em construção de Resende
(RJ).
Graças ao previsto crescimento, nos próximos anos, do
mercado brasileiro de marcas refinadas, esta edição do salão merece um olhar
mais atento.
Acura e Infiniti têm novidades: SUV médio MDX e novo sedã Q50,
respectivamente. Cadillac, até como reação ao maior número de concorrentes, é
considerada marca de importação certa pela GM.
E o médio-grande ATS, de tração traseira
ou 4x4 e menor Cadillac em dimensões, mostra apelo visual digno dos europeus, o
que atrai por aqui.
Entre outras novidades conceituais, destacam-se o Volkswagen
Cross Blue e o Hyundai HCD-14. O primeiro, um crossover híbrido diesel de sete
lugares (no salão, versão de seis lugares), específico para o mercado local, com
preço entre Tiguan e Touareg. O projeto será ainda aperfeiçoado para provável produção
ao lado do Passat americano.
O segundo é a visão do futuro sedã de topo coreano,
Genesis, com portas traseiras “suicidas” à Rolls-Royce. Versão final deve ousar
menos.
Balanço positivo do salão não impede constatar, mais uma vez,
que fabricantes parecem bem mais empolgados com soluções alternativas do que compradores.
Elétricos puros, híbridos e Diesel, tudo somado, representam apenas 3% das
vendas totais nos EUA. Embora tenda a crescer, na realidade poucos querem pagar
a conta. E, para complicar, motores convencionais têm mostrado queda de consumo
de combustível, a preço que todos suportam.
RODA VIVA
COTAS de produtos
mexicanos ainda amarram planos de importação. SUV compacto Chevrolet Trax (aqui
se chamará Tracker) virá para atrapalhar a vida de EcoSport e Duster, porém
falta definir de que forma Sonic será “prejudicado”.
Volta da Alfa Romeo ainda está
condicionada, pela Fiat, à avaliação de cotas previstas no regime Inovar-Auto.
Nada confirmado.
FLUENCE GT, sedã discreto, ao menos faz jus à
sigla, ao contrário do Sandero da própria Renault. Motor turbo de dois litros,
180 cv, coloca-se em desempenho entre Peugeot 308 THP e Jetta TSI, na faixa dos
R$ 80 mil, mas sem câmbio automático. Bom trabalho de engenharia na suspensão.
Faltam coisas simples: um-toque nas alavancas de limpador e setas.
MESMO sem
confirmação pela GM, importação do novo Malibu é certa, depois da desistência
do Omega. Chevrolet concorrente direto do mexicano Fusion, impostos refletem no
seu preço (vem dos EUA, sem isenções).
Retoques externos e internos e motor um
pouco mais potente agradam, em breve avaliação. Banco traseiro, baixo demais,
será mudado até meados do ano.
ENQUANTO a taxa
cambial ajudou, alguns modelos nacionais foram competitivos até em países
avançados do Hemisfério Norte.
Destaque para o Fox, com 305.000 unidades, maior
volume já exportado de um automóvel brasileiro para a Europa (2005-2012).
Voyage, nos anos 1980, teve 202.000 unidades vendidas nos EUA e Canadá, feito
para época.
SAIU lista dos 10
mais vendidos na Europa, em 2012, segundo pesquisa da consultoria inglesa Jato:
Golf, Fiesta, Polo, Corsa, Clio, Focus, Astra, Qashqai (Nissan), Mégane e
Passat. Crossover da Nissan é o único a nunca aparecer por aqui. Os outros, em
diferentes gerações, foram produzidos e/ou importados, nomes familiares aos
brasileiros.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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