Coluna nº 2614 - 26 de junho de 2014
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Do bom Encontro de Antigos, em Araxá
Encerrado o XXI Encontro Nacional de Veículos Antigos, adequadamente realizado no arquitetonicamente imponente Grande Hotel de Araxá, MG, a dúvida sobre a concorrência com outro evento em Águas de Lindóia, SP, dissipou-se.
Araxá, como usualmente chamado, mostrou sua fórmula correta: veículos de qualidade, esforço para apresentar novidades, público qualificado e leilão de antigos.
Dos veículos relevantes, Ferrari 212 Barchetta, restaurada no Ferrari Classiche, departamento desta fábrica para cuidar dos antigos; Bugatti 1938, carroceria Grangloff Stelvio; Alfa Romeo 2500, carroceria Boneschi, de 1950; Cadillac V16, 1939, e, curioso e raro Cadillac 1958, sedã quatro portas sem coluna, versão Brougham, teto em aço escovado, de aparência incrivelmente leve sobre a carroceria com linhas bolhosas e excessos típicos do final dos anos ’50.
Ferrari 212 Barchetta
Alfa Romeo 2500 Boneschi
Vista do evento
Curiosidades
1 - Troféu Fábio Steinbruch, oferecido pelo Alfa Romeo Club não a proprietário da marca, mas ao renomado pumista Caiko Botelho;
2 – Organização reverenciou jornalistas Teresa Gago e Atos Fagundes pelo dedicado trabalho no setor;
3 – Colecionador Eduardo Azevedo apresentou seu recém concluído Reggia, chassi em treliça, carroceria em fibra, linhas inspiradas nas barchettas dos anos ’50, primoroso exemplar único;
4 - Histórias surgiram: uns viram correr, outros sabiam de exemplar com o primo do motorista do amigo do diretor..., vizinho possuiu mas vendeu a peso após acidente em Interlagos, estas coisas do País que não lê;
5 – Merecidíssima a homenagem ao Horácio, o Fusca 1974, com casal Erwin e Flávia Moretti. Poucos promovem a marca e a união antigomobilista como eles;
6 – Hispano Suiza 1911, pioneiro, na pioneira Coleção Lee, reapareceu oferecido pela herdeira ao Museu que se instala na cidade de Caçapava. Desaparecido há 20 anos exibia sua aura;
7 – Impecável, marcante visual e auditivamente os 100 cilindros de Ferrari, milhares de equinos, em desfile próprio pela passarela;
8 - Leilão, corajosa iniciativa agora sedimentada, deixou claro ser lugar para veículos de maior preço. Os nacionais, baratos, tinham lances pequenos, demorados, cansativos;
9 - E exibiu vício conhecido de lances desmesuradamente elevados, porém não aceitos pelos vendedores, deixando a dúvida se pretendiam apenas ser referência para negócios futuros – ou para conversas de happy hour...
10 – Carlos Quintana, lojista argentino, presente com livros e emblemas. Vale a pena?, perguntei, para ouvir que em antigomobilismo valem as vendas do momento e o conhecimento para negócios futuros. Sábio;
11 – Colecionador Oswaldo Borges da Costa, um dos criadores do Encontro, ausente ao último, reapareceu em grande estilo, faturou três prêmios com Rolls-Royce Sedanca De Ville 1934; Peugeot 1908; e o Troféu Roberto Lee com o Bugatti Stelvio 1938;
12 – Mesmo lacrado pela Justiça para inviabilizar-se, o Museu Nacional do Automóvel, de Brasília, mantém-se ativo: levou uma treliça da Fórmula Brasil, última remanescente da iniciativa de Chico Landi e Toni Bianco, sua última descoberta;
13 – E foi premiado com Alfa Romeo 2300 de 1974, o chassi 00001, marcando os 40 anos do início da produção deste veículo.
Um convidado curioso
No incontável público na cerimônia de canonização do Papa João Paulo II, um será, pelo menos, insólito. É o automóvel polonês FSO, modelo Warszawa – Varsóvia -, fabricado em 1958.
Como tudo envolvendo a então União Soviética e seus países satélites, tem a marca da superação, o defasar em estilo, motorização, construção.
Quando ainda com o nome civil Karol Wojtyla, o então Bispo da Cracóvia comprou o automóvel, mantendo-o em serviço por 20 anos, até ser ungido condutor da Igreja Católica. Então, servido por Mercedes novos, vendeu-o ao seu motorista.
Há dois anos, o superado e gasto automóvel mudou de padrão ao ser adquirido por colecionador alemão, assumindo sua origem. Restaurado, irá à festa.
Tralha
Sabe aquela frase em adesivo usualmente colocado nos automóveis nacionais de coleção, “Não ria. Seu pai teve um”? Pois é. Por pouco não foi produzido no Brasil.
Ao tempo da implantação da indústria automotiva no Brasil, com poucos incentivos, porém, reserva de mercado e a perspectiva de inquantificada, contudo, projetadamente grande clientela, muitos fabricantes se habilitaram a produzir aqui. A polonesa FSO, iniciando fazer o Warszawa, foi uma delas. Não veio.
O produto era o carro do Bispo Wojtyla, de origem projeto russo de automóvel, o Pobeda – Vitória – criado na estatal GAZ, cedido à subjugada Polônia pelo ditador Joseph Stalin.
Inspiração norte-americana pré-II Guerra, pesado, lento, motor de quatro cilindros, comando e válvulas no bloco de ferro, 2.0 e 50 hp.
Ainda bem que seu pai não teve um deles.
Warszawa ex Papa
Roda-a-Roda
Tentativa – Na Argentina novo plano para reativar vendas de carros feitos lá, caídas em 30%: desconto pelos fabricantes, entre três e 13%, e financiamento pelo estatal Banco de La Nación Argentina, 10% de entrada, 60 pagamentos, juros de 17% a.a., inferior à inflação de balcão.
Limites – Validade de três meses, teto em 120 mil pesos – só para a gama baixa, Renault Clio, Chevrolet Classic, Fiat Novo Palio Essence. Após, a carros brasileiros. Valor da prestação limitada 30% da renda do interessado.
Copa – Tentando empurrar produção e vendas do Clio, em via de substituição, Renault argentina e seus concessionários oferecem, durante os jogos da Argentina na Copa do Mundo, descontos sensíveis para a versão Confort Plus, cinco portas. De 116.500 pesos, a 98.120. Resultados iniciais pequenos.
Simpatia – Mercado difícil, ano com vendas menores, em 30%, que 2013, vale tudo para vender carros novos na Argentina.
Volkswagen ao lançar o up! usou o brinde de bicicleta dobrável Think Blue para atrair aos primeiros 500 compradores. O mimo é alemão e não existe no mercado brasileiro.
Tempo – Chinesa National Electric, dona da sueca SAAB, sustou a produção destes competentes automóveis. Micou o caixa.
Pesquisa – JD Power, conhecida empresa de pesquisas automobilísticas, pelo 28º ano levantou índices de satisfação de compradores de carros novos até três anos de uso nos EUA.
Porsche lidera, Jaguar, em segundo, empurrando Lexus, marca Toyota para ser irretocável em qualidade, ao 3º. lugar.
Aqui – Pesquisa no Brasil deu empate entre Hyundais e Toyotas. Curiosidade, os coreanos, os importados pela representante CAOA, no mercado a Hyundai do B, estão à frente dos Hyundai HB 20 aqui produzidos pela Hyundai original.
Festa – Ford comemora 111 anos fazendo filme nos continentes onde produz, para demonstrar válida a verdade do fundador Henry Ford com o seu Modelo T, chamado The Universal Car, primeiro a ser montado e exportado mundo a fora.
Hoje, em 24 horas, os 183.000 funcionários da empresa produzem mais de 17.300 veículos. Quer ver?
Governo? – No desvario criativo da economia nacional, governo federal quer aumentar a 27,5% volume de álcool adicionado à gasolina.
É para diminuir importação deste combustível, e gasto de divisas na desequilibrada balança comercial.
E? – Pode servir a muitos, exceto proprietário de veículo, pois quanto maior a quantidade de álcool, maior o gasto km/litro.
Haverá álcool? Eleição fomentando a criatividade, vantagens para poucos, desvantagens para muitos.
Motores – Escolha do International Engine of the Year – Motor do Ano – deu resultado insólito: pela terceira vez, o mais importante como tecnologia foi o Ford 1.0 Ecoboost, de três cilindros.
Segundo, 70 pontos – 20% - atrás, o V8 Ferrari 4,5 litros. Depois, VW 1,4 TSI com turbo e compressor; Mercedes-AMG 2,0 turbo, e elétrico estadunidense Tesla.
Processo – 82 votantes internacionais, cinco do Brasil – o Colunista um deles -, representando 34 países, e foco em tecnologia e aplicação real, futuro. Daí, exceto o Tesla, nenhum dos motores é dos EUA.
Motor Ford 1,0 turbo, Motor do Ano
Situação – Após sofrer vandalismo e grandes perdas por atos de terrorismo, revendas na avenida de acesso ao estádio Mineirão, em Belo Horizonte, blindam os negócios em dias de jogo: painéis metálicos vedando os vidros, ou deposição de containers em torno das lojas.
Justiça – Tribunal de Justiça de Brasília cancelou permissão concedida pela Câmara Distrital, aprovada pelo Governador do DF aos táxis cobrar Bandeira 2 durante a Copa do Mundo.
O Ministério Público do DF arguiu a incoerência da medida, um saque contra o consumidor e desestímulo ao uso dos táxis em período de grandes libações.
Ano eleitoral é fogo. Faz até Legislativo e Executivo voltar-se contra o público.
Mercado – Para exibir-se no mercado norte-americano, Mitsubishi desenvolveu carros especiais para a subida no Pikes Peak, montanha no Colorado, 19 km, 156 curvas. Elétricos, quatro motores, 603 cv, tração integral.
Razão – Vencer o PP é relevante no mercado norte-americano. A Mitsubishi faz o elétrico MiEV e vende nos EUA, Europa, Japão.
Candidatou-se montá-lo aqui, mas não ouviu facilidades para compensar os maiores custos de produção.
Figuração – A volta de honra nas 24 Horas de Nurburgring, a demolidora prova alemã de resistência, teve dois Bugatti 16.4 Grand Sport Vitesse a liderar os 175 participantes.
O super carro francês, com 1.200 cv, tem o recorde mundial para carros esporte de produção: 408,84 km/h de velocidade final.
Escada – Brasiliense Felipe Nasr, disputando a temporada de GP2, é segundo após excepcional performance no circuito de Spielberg, onde assumiu a liderança. Fez a volta mais rápida, e venceu. Sobe a escada para a Fórmula 1.
Retífica RN – Leitor Lico Azevedo, antigomobilista e conhecedor do produto e história, sacou rápido e indicou engano na Coluna passada: Bugatti, de 1937, exposto no grande Encontro de Araxá, MG, não seria o Tipo 57 Atlantic, com dupla de unidades remanescentes.
Razão – Tem-na. O automóvel exposto usa carroceria Gangloff Stelvio, em aço. A outra é em Elektron, liga de alumínio e magnésio.
Bugatti Stelvio
A Fiat e seus prêmios, em Cannes
Sorrisos na Fiat. Os cortes nas verbas de divulgação, em vez do previsível resultado de baixar veiculação e vendas, mostraram resultado inverso: instigaram a criatividade da empresa e como resultado internacional, faturou cinco prêmios no Cannes Lions 2014, um dos festivais de comunicação mais importantes do mundo.
Na pioneira categoria Inovação, criada ano passado, levou o prêmio pela campanha "Vem p’ra Rua", de grande oportunidade, ao ser veiculada junto às inexplicadas manifestações populares e protestos nas ruas.
A ideia da empresa, de produtos mais vendidos no mercado durante 12 anos, era demonstrar conhecer as ruas com intimidade.
Outra abordagem direta gerou prêmio, a "Fiat Live Store", trocadilho bem achado com Love Story.
É projeto único no mundo, ao utilizar tecnologia para conectar clientes a especialistas nos produtos Fiat.
O contato é feito em tempo real e de forma interativa. Pelo sítio WWW.fiat.com.br/livestore, ou pelo Facebook, o cliente escolhe um modelo e um especialista, usando um fone de ouvido com câmera de alta resolução e microfone, mostra diretamente o que foi pedido pelo consumidor para conformar um carro e tira dúvidas diretamente.
O negócio funciona em galpão na fábrica de Betim, montado pela agência Click Isobar.
João Batista Ciaco é o diretor de Publicidade e Marketing de Relacionamento, e as agências premiadas foram Click e Leo Burnett Taylor Made.
Campanha Vem p’ra Rua, vencedora