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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

COITADOS DOS MOTORES DOS VEÍCULOS QUE CIRCULAM NO BRASIL SEREM OBRIGADOS A FUNCIONAR DE ACORDO COM OS INTERESSES DA POLÍTICA QUE OBRIGA O USO DE UMA MISTURA DE 25% DE ETANOL ANIDRO NA GASOLINA. O PIOR É QUE ESSA MISTUREBA VAI SER AUMENTADA PARA 27,5%. OS CARROS NOVOS NÃO TÊM GRANDE PROBLEMA EM TRABALHAR COM ELA, MAS E OS MOTORES ANTIGOS. O FATO É QUE QUEM PERDE COM ISSO SÃO OS DONOS DOS CARROS QUE VEEM SEUS VEÍCULOS GASTAR MAIS DO QUE DEVEM. ENTRETANTO, O GOVERNO PARA PIORAR A SITUAÇÃO ADIOU PARA 2015 O USO OBRIGATÓRIO DE GASOLINA ADITIVADA

Alta Roda 

Nº 803 — 25/9/14
Fernando Calmon



GUERRA DOS ADITIVOS


Política de combustíveis no Brasil continua errática e com alto grau de improvisação. 

Exemplo mais recente é a lei já aprovada que autoriza o aumento do teor de etanol anidro de 25% para 27,5%, desde que testes comprovem viabilidade técnica. 

Uma lei condicional! Não seria mais lógico primeiro fazer todas as avaliações e, se aprovada a nova mistura, então encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional? Na realidade, apenas jogada eleitoreira.

Motores modernos têm condição de lidar com esse aumento de mistura sem problema de partida a frio ou falhas de aceleração. 

Os testes conduzidos pela Petrobras deverão indicar isso, mas ninguém deu atenção aos motores antigos com carburador ou injeções de combustível de primeira geração. 

Além disso, o consumo pode aumentar marginalmente. A gasolina padrão para limites de emissões e metas de eficiência energética previstas no Inovar-Auto contém apenas 22% de etanol. 

Com 25% o motorista já perde um pouco em consumo e com 27,5%, mais ainda.

O governo tem feito trapalhadas. Em meados do ano resolveu estimular a melhoria relativa de consumo/autonomia entre etanol e gasolina em motores flex porque a indústria se acomodou e hoje mal consegue manter a paridade esperada de 70%. 

A nova lei sinaliza apenas que “poderá” haver abatimento de imposto para veículos que alcançarem relação acima de 75%.

Com a tendência de aplicação de turbocompressor, particularmente ótimo em motores flex por aproveitar bem melhor as características químicas do etanol, não seria difícil atingir a meta, embora a custo maior. 

Mas sem saber em quanto cairia o imposto e se o incentivo é por versão, modelo ou média de tudo que produz, nenhuma fábrica vai se mexer. 

Algumas estão até contrariadas, em especial as que por pura miopia têm motores flex sofríveis ao usar etanol.

No recente Seminário Internacional de Combustíveis, organizado pela AEA em São Paulo, ficou explícito a discórdia entre governo, agência reguladora (ANP) e Petrobras responsável, na prática, por toda a gasolina vendida no País. 

Em dezembro de 2009, se decidiu que em janeiro de 2014 só existiria gasolina aditivada, como na maioria dos países com grandes frotas. 

Isso não aconteceu e sim um adiamento para julho de 2015. Ou seja, uma finge que regulamenta e outra finge que não entende.

De qualquer forma, a atual gasolina S50 (50 ppm de enxofre), de melhor qualidade e obrigatória desde 1º de janeiro último, evoluirá dentro de menos de um ano (se não houver outro atraso) graças a aditivos detergentes e dispersantes para limpar e manter limpos injetores, válvulas, câmaras de combustão e coletores. 

No seminário se discutiu a qualidade mínima desses aditivos, os riscos de uso em excesso, a descontaminação das estruturas de transporte e como o mercado reagirá a 100% de gasolina aditivada.

As distribuidoras deverão se preparar para uma guerra de comunicação ainda maior em meados do próximo ano. 

Há aditivos específicos de redução de atrito entre pistões e cilindros, com potencial de discreta melhora de desempenho e até de consumo, que se somam aos aditivos detergentes-dispersantes. 

Cada uma terá de convencer o consumidor que a sua gasolina é superior à do concorrente.


RODA VIVA


AINDA no capítulo das trapalhadas, é inacreditável o governo estimular apenas modelos híbridos que não carregam bateria em tomada. 

Os puramente elétricos também ficaram de fora do corte no imposto de importação. São carros bem mais caros e, assim, de vendas limitadas, sem risco de sobrecarregar a rede elétrica.

MERCEDES-BENZ GLA, agora importado e nacional em 2016, destaca-se pelo estilo esportivo frente a outros SUVs compactos. Motor turbo 1,6l/156 cv dá conta do recado, mas ideal seria potência algo maior. 

Materiais internos, de primeira linha, contrastam com ausência de ar-condicionado automático e GPS para o preço de R$ 132.900. Versão completa salta para R$ 149.900.

NOVA geração do Honda City ganhou espaço interno (na frente e atrás), além de equipamentos como câmera de ré regulável em três ângulos. 

Melhorou o vão de acesso ao generoso porta-malas de 536 l. Câmbio automático CVT agora tem sete marchas virtuais e hastes no volante, mas o motor 1,5 L/116 cv vai melhor no Fit. Preços continuam bem puxados: R$ 53.900 a R$ 69.000.

MITSUBISHI Outlander terá no início de 2015 versão híbrida plugável em tomada. Diferencia-se por soluções técnicas brilhantes. 

A começar pelos dois motores elétricos (um para cada eixo) que permitem tração 4x4 gerenciável de forma automática sem o peso dos componentes mecânicos.

Estes motores trabalham em série e em paralelo ao de combustão.

OUTRAS vantagens do Outlander PHEV: acelerar da partida até 120 km/h no modo elétrico, cinco níveis de gerenciamento de recuperação de energia em frenagens e possibilidade de ligar o motor a combustão apenas para recarregar a bateria. 

Esta última função permite, ao final de viagem em estrada, contar com a bateria em nível máximo para uso urbano.

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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon

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