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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

CONSUMIDORES BRASILEIROS VÊM MUDANDO SEU PERFIL E SENDO MAIS EXIGENTES E ATÉ ALTERANDO O PERFIL DE PREFERÊNCIA, PREFERINDO CARROS MAIS EQUIPADOS E COM CARACTERÍSTICAS DE SUV.

 

Alta Roda

Nº 812 —  27/11/14

Fernando Calmon



PREFERÊNCIAS EM EVOLUÇÃO

Nos últimos 12 anos, quando as vendas anuais de veículos no Brasil subiram 140%, o perfil dos compradores mudou e, mais ainda, a segmentação de produtos. 

Em grande parte, isso se deve ao aumento de poder aquisitivo e ao fato de que os carros subiram menos que a inflação em termos reais por qualquer que seja o indicador pesquisado. 

Na base do mercado os preços nominais subiram 14%, em média, enquanto os salários avançaram 32%. 

O segmento de entrada, de longe o mais importante, que se subdivide em três (básico, intermediário e superior), assistiu a fenômenos interessantes.

Não é de surpreender que hoje, das vendas totais, 70% dos modelos saiam de fábrica com ar-condicionado e 60% com direção assistida. 

O chamado carro “pelado” nunca foi opção de ninguém e sim mero reflexo do dinheiro curto para ter acesso ao automóvel. 

Parece óbvio, mas alguns ainda acreditam que a indústria era a única responsável por carros sem conforto ou acabamento rústico. 

Recursos de conectividade eram reservados para carros maiores e caros. Agora, já estão em 25% dos básicos e em 35% dos intermediários do segmento de entrada.

No nível de segurança veicular, a produção média local ainda está uns seis anos atrasada em relação à Europa Ocidental, mas à medida que novas arquiteturas globais cheguem e as vendas voltem a crescer a defasagem diminuirá. 

O ritmo será ditado, de novo, pelo poder aquisitivo ou “riqueza” dos compradores.

Em termos de segmentação por tipo de carroceria o mercado brasileiro apontou em direção aos SUVs e a tendência vai se aprofundar porque ainda há poucos modelos (EcoSport e Duster) na categoria de SUVs compactos. 

A atual distribuição entre veículos de passageiros se apresenta assim: 60%, compactos (41% hatches, 18% sedãs e 1% peruas); 14%, picapes; 9%, médios; 4%, monovolumes; 1%, grandes; 10%, SUVs e 2%, outros.

A preferência pelos utilitários esporte tem explicações que vão da visibilidade à possibilidade de lidar melhor com piso irregular ou sem pavimentação, mas passa igualmente pela evolução financeira dos clientes da indústria. 

A previsão de estreia de pelos menos três novas versões compactas no próximo ano (HR-V, Renegade e 2008) e lançamentos também de SUVs médios apontam que esse tipo de carroceria representará em curto prazo 15% do mercado, à custa de sedãs e monovolumes, principalmente.

Caminho ainda pouco claro diz respeito aos sub-compactos. 

As famílias brasileiras decidiram ter menos filhos e, desse modo, diminuiria a exigência por porta-malas grande. 

Por outro lado, aumentarão as famílias que poderão adquirir um segundo carro e poderia ser um sub-compacto: dimensões menores oferecem vantagens na cidade e facilidade de estacionar.

Teria menor consumo de combustível (em especial frente a um SUV pequeno) e preço em conta, porém há dúvidas sobre sua aceitação nos próximos anos.

Câmbio automático pode atrair mais interessados, pois além do maior conforto no trânsito, ganhou em eficiência energética e também se beneficiaria da folga financeira. Até preferência de cores mudou. 

Por décadas o branco, em um país de clima quente, ficou de lado e agora já divide a preferência com prata e preto.

RODA VIVA

ROMBO nas contas externas brasileiras deixa mais distante a possibilidade de voltar o livre comércio entre Brasil e México, a partir do próximo ano. 

As cotas de importação devem continuar e os fabricantes sabem não haver solução de curto prazo, salvo se ocorrer grande desvalorização do real, fora das previsões da maioria dos analistas.

PREÇO é bem salgado – quase R$ 80.000, quando à venda, em dezembro –, mas o Fiat 500 Abarth convence pelo conjunto. 

Necessidade de alterações na carroceria prejudicou um pouco a pureza de estilo. 

Quadro de instrumentos digital agora ficou muito bom com o fim do conflito de ponteiros. Pontos altos: motor de 167 cv/23 kgfm e suspensões não excessivamente duras.

SAVEIRO cabine dupla comprova no dia a dia que atende a quem exige espaço maior para carga e flexibilidade para transportar no banco traseiro até três pessoas (Strada, apenas duas). 

Portas são as mesmas do Gol 2-portas, mais largas. 

Novo motor de 1,6 L/120 cv é econômico e referência em termos de suavidade de funcionamento, embora não seja o mais potente.

ESTILO ousado, sem dúvida, o novo Jeep Cherokee tem de sobra, principalmente na parte frontal. 

Se vai agradar seus fãs ou atrair novos clientes, como já acontece nos EUA, é cedo para dizer no caso do Brasil. 

Sua mecânica está bem provada, inclusive o motor V-6 de 271 cv. 

Acabamento e materiais são de boa qualidade, porém há rangidos inexistentes na geração anterior.

EURO NCAP, que faz testes de colisão, terá um sistema de pontuação dupla a partir de 2016. 

Admitirá certos equipamentos de segurança como opcionais, na Europa, o que permitirá a carros menores (com limitações de preço) obter cinco estrelas máximas sem as penalizações atuais. 

Finalmente um pingo de bom senso, que falta no Latin NCAP.

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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon

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