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quarta-feira, 14 de maio de 2014

OS ESTADUNIDENSES DURANTE MUITOS ANOS PRODUZIRAM AUTOMÓVEIS GIGANTESCOS EM RELAÇÃO AOS CARROS ATUAIS. OS FAMOSOS RABOS DE PEIXE FORAM ESTRELAS DE FILMES ROMÂNTICOS SAÍDOS DOS ESTÚDIOS DE HOLLYWOOD E FORAM EXPORTADOS PELO MUNDO. O BRASIL, NA ÉPOCA DA GASOLINA BARATA ESSAS BANHEIRAS COM RODAS ANDAVAM PELAS RUAS DO PAÍS, ENTRE ELAS UM BELO OLDSMOBILE QUE O PAI DE RICARDO CAFFARELLI TINHA EM SUA COLEÇÃO.


“ Dr. Olds
The King of the roads”

Ricardo Caffarelli





Em meu último artigo, escrevi sobre o Jaguar XJ-6 L 1986, o último “made in England” e com o qual tive poucas e boas aventuras. Agora é a vez de escrever sobre um gigante sobre quatro rodas. 

Um belo exemplar dos anos 50 da divisão Oldsmobile, da General Motors Corporation. A Oldsmobile tem uma história muito interessante, fundada em 1897 por Ramson Eli Olds (1854-1950) produziu mais de 35,2 milhões de automóveis nos seus 107 anos de vida. 

Sempre apresentou inovações relevantes para indústria automobilística. Pode ser considerada uma marca de vanguarda.

Para escolher o título deste relato fiz uma pequena mixagem. Deixe-me explicar, “Dr.Olds” é o apelido do Oldsmobile 442 um autêntico muscle car do final dos anos 60, mas o “king of the Road” é do final da década de 50 mesmo.


O exemplar escolhido é um Oldsmobile super 88 1959, um sedan “full size” como os americanos dizem, top de linha da época. 

Com 5,66 metros de comprimento, 2,05 metros de largura e 2.100 kg de peso, era um transatlântico sobre rodas. 



Para movê-lo, só mesmo um big-block de respeito com 394 polegadas cúbicas (6.5 litros) de nada menos do que 315 cavalos!

Este exemplar veio de São Paulo, adquirido da Jardineira Veículos. Pertencia a um executivo da Nestlé.

Recordo-me que meu pai contou-me que quando chegou ao Brasil, vindo de mudança da Itália com sua família, este foi o carro que mais chamou sua atenção logo que chegou em São Paulo. 

Também pudera, vindo de uma Itália que se recuperava da Segunda Guerra Mundial e onde acho que mais do que 90 % dos carros eram minúsculos “cinquecentos” essa barca realmente chocava quem não estava acostumado com o padrão norte-americano.

O Olds ficou em nossa coleção bastante tempo. Não tivemos muitos... um 1928 Phaeton seis cilindros, três modelos 1954 sendo dois sedans (Super 98) e um Coupé (Super 88), esse 1959, um 1972 (Cutlass) e um 1986 (Cutlass Sierra) com motor diesel V-6.O porta-malas pode-se dizer que é o sonho de consumo de muitas famílias, porque dava literalmente para três pessoas deitadas ali.

Voltando ao espécime, ele nos foi entregue rodando e estava em ótimo estado. Um único detalhe que faltava: as duas lanternas traseiras redondas da luz de ré. 

Parece que caíram na estrada durante a viagem. Sua cor branco e verde metálico era muito bonita, original, combinando com o interior verde. 



Com banco inteiriço na frente, viajavam confortavelmente até seis adultos. Examinando o carro notei de imediato um painel bastante moderno para a época. Cadê o velocímetro? Ao dar a primeira volta fiquei impressionado com o que vi. 

O velocímetro era uma barra que ia crescendo da esquerda para direita, como estas que vemos nos nossos downloads diários, e com um detalhe, ela muda de cor o que o americano chamava de safety spectrum speedometer.

Outro detalhe que chamou muito a atenção. O Rádio portátil. Os engenheiros e marketeiros da época acertaram em cheio. 

Um simpático e prático rádio para você levar para praia “escondido” dentro do porta-luvas e com uma tranca de chave, ele carregava automaticamente a bateria quando guardado e estava assim sempre pronto para te acompanhar.

Bem, vamos andar no galipão. Direção levíssima, freios com um bom hidrovácuo e panelas gigantes nas 4 rodas para segurar o possante. Rodar suave. Ronco característico de V-8 de grande cilindrada.

Uma situação engraçada foi a de que minha mãe dirigindo o carro comentou que ficou uns bons kilômetros preocupada com um carro que vinha colado atrás dela. Só depois é que percebeu que era a ponta do “rabo de peixe” do carro.

Mais discreto do que o do Cadillac, o do Olds era fina e parecia uma flecha. Confundia mesmo.


Gostamos tanto que resolvemos participar de alguns passeios. Para ter maior confiabilidade mecânica, chamamos nosso grande amigo Zé Galipa ou José Peixoto, mestre do carburadores.

Um belo sábado de sol, estávamos lá desmontando o quadrijet. Porcas, parafusos, juntas, um injetor novo adquirido lá no Turquinho (São Cristóvão) e acido acético ou melhor, vinagre de cozinha mesmo. 

Foi aí que descobrimos que o segundo estágio do quadrijet estava inativo, ou seja, o desempenho ia aumentar ainda mais.

Eu com meus 18 anos dirigia na época um Gol GTS a álcool e achava que era imbatível.

Um belo dia, resolvemos levar o Olds numa oficina para dar uma revisada na suspensão. Era o Famoso Ferreiro, de Bonsucesso. 



Nosso amigo, José Peixoto foi na frente e eu acompanhei com o Gol. Numa grande reta próximo ao aeroporto do Rio de Janeiro ele acelerou com vontade. 

Eu reduzi e pisei fundo e não acreditei quando vi a traseira do Olds sumindo na minha frente! Fiquei impressionado!

Duas viagens muito boas que fizemos foram ao Encontro Nacional do Veteran do RJ realizado no Hotel do Frade (Angra dos Reis) e um rallye Rio-Teresópolis. Ambas as viagens foram tranquilas e sem problemas mecânicos.

Hoje, o saudoso Olds encontra-se na coleção de um amigo que sempre me chama para visitá-lo, quem sabe um dia destes não vou dar um alô para o velho Olds.

Espero que tenham gostado e até à próxima.
Um abraço.




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