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terça-feira, 16 de abril de 2013

O JORNALISTA RENATO PEREIRA ESCREVEU UMA INTERESSANTE MATÉRIA LEMBRANDO A HISTÓRIA DA VOLKSWAGEN QUE COMPLETA 60 ANOS DE BRASIL



Por Renato Pereira*
A indústria automotiva teve seu início no Brasil em 1919, quando a Ford iniciou a montagem do Modelo T por aqui. 

Em 1925 chegou a General Motors, em 1953 foi a vez da Volkswagen, seguida em 1954 pela Willys-Overland, absorvida pela Ford em 1967 e, em 1969, a Dodge lançou seu primeiro carro nacional, o Dart Sedan.

Sete anos depois, em 1976, chegou a Fiat. Em 1981, a Dodge foi inteiramente absorvida pela Volkswagen, e o “clube” se fechou. 

Tínhamos, então, até o inicio da década de 1990, quatro grandes montadoras multinacionais, presentes com não muitos modelos, mas todos bastante diferentes entre si, pegando emprestado, no mais das vezes, alguma coisa ou o todo do conjunto mecânico de outro modelo, mas sem perder suas características, linhas e personalidade.

Esse foi um dos grandes motivos que originou o conhecido “fã de carteirinha” de cada montadora no mundo, e originou também a verdadeira legião de admiradores da marca alemã nos quatro cantos do planeta. 

Seus carros eram robustos, resistentes e duráveis a um custo bastante baixo, com manutenção simples e também de baixo custo.

Em 1953 a Volkswagen, através do grupo Brasmotor, instalado no bairro do Ipiranga, em São Paulo, passou a montar a Kombi (Kombinationsfahrzeug, Veículo Combinado) em sistema CKD (Complete Knock-Down – conjuntos de partes de automóveis criados pela fábrica matriz para exportação e montagem dos veículos nos países receptores, geralmente fábricas menores ou com produção reduzida) e, a partir do dia 2 de setembro de 1957, sua fabricação foi inteiramente nacionalizada, o que faz do modelo o primeiro Volkswagen fabricado no Brasil e o mais longevo, uma vez que, impressionantemente com algumas alterações de carroceria, estendidas as suas poucas versões, e ainda menores alterações mecânicas em 60 anos ininterruptos (entre 1953 a 1966, motores 1.200 a gasolina refrigerados a ar; entre 1967 a 1975, motores 1.500 a gasolina refrigerados a ar; entre 1976 a 1996, motores 1.600 a gasolina, refrigerados a ar, e 1.600 a diesel, refrigerados a agua; entre 1997 e 2005, motores 1.600 a álcool, gasolina e GNV, refrigerados a água e, entre 2006 a 2013, motores 1.400 flex, refrigerados a agua), o modelo sobreviveu até 2013.

Em 1959 foi a vez do Fusca sair das linhas de montagem nacionais (também era importado em sistema CDK desde 1954), sendo, também, o segundo modelo da fabrica no Brasil com maior longevidade, com 37 anos de produção ininterrupta, também com mínimas alterações de carroceria e mecânicas (entre 1954 a 1966, motores 1.200 a gasolina, refrigerados a agua; entre 1967 a 1984, motores 1.300 a gasolina refrigerados a agua; entre 1974 a 1984, motores 1.300 e 1.600 a gasolina, refrigerados a agua; entre 1984 a 1986, motores 1.600 a álcool e gasolina, refrigerados a agua). Em 1993, sete anos após o Fusca ser descontinuado, o então Presidente da República, Itamar Franco, convenceu a Volkswagen a retomar sua produção, uma ideia não muito feliz que fez com que o carro ressuscitasse, igualzinho ao último modelo de 1986, ciclo que se encerrou, definitivamente, em 1996.

Das suas linhas de montagem saíram, desde sua inauguração oficial até hoje, os modelos

Kombi – Passageiros, Furgão e Pick-Up: 1953 CKD, 1957 a 2013 = 60 anos
Fusca – Coupe: 1953 CKD, 1959 a 1986 = 28 anos
Karmann-Ghia – Esportivo: 1962 a 1972 = 10 anos
VW 1600 – Sedan: 1969 a 1971 = 3 anos
Variant – Station Wagon: 1969 a 1977 = 8 anos
Karmann-Ghia TC – Fastback: 1970 a 1975 = 5 anos
VW TL – Fastback: 1970 a 1976 = 6 anos
SP 1 e 2 – Esportivo: 1972 a 1976 = 4 anos
Brasília – Station Wagon: 1973 a 1981 = 8 anos
Passat – Hatch: 1974 a 1989 = 15 anos
Variant II: 1978 a 1981 = 3 anos
Gol – Hatch: 1980 até hoje = 33 anos
Voyage – Sedan: 1981 a 1995 = 14 anos
Parati – Station Wagon: 1982 a 2012 = 30 anos
Saveiro – Pick-Up: 1982 até hoje = 31 anos
Santana – Sedan: 1984 a 2006 = 22 anos
Quantum – Station Wagom: 1985 a 2003 = 18 anos
Apollo – Sedan: 1990 a 1992 = 2 anos
Logus – Sedan: 1993 a 1997 = 4 anos
Fusca – Cupe: 1993 a 1996 = 3 anos
Pointer – Hatch: 1994 a 1996 = 2 anos
Golf – Hatch: 1997 até hoje = 16 anos
Polo – Hatch /Sedan: 2002 até hoje = 11 anos
Fox – Hatch: 2003 até hoje = 10 anos
Crossfox – Hatch: 2005 até hoje = 8 anos
Voyage – Sedan: 2008 até hoje = 5 anos.

Logicamente, essa estatística não considera as versões de cada modelo; no entanto, nota-se que seus modelos mais marcantes, principalmente aqueles cujo foco são as exportações, tem uma vida bastante longa, mesmo que mantendo, da versão inicial, apenas o nome, como é o caso do Gol, por exemplo, assim como a montadora percebe e elimina rapidamente os redundantes fracassos, como Pointer, Logus e Apollo. 

Outro fato marcante, ao se analisar a história produtiva da Volkswagen no Brasil, é que normalmente a montadora alemã não se preocupou em ter uma lista muito diversificada de modelos, optando, a partir de um passado mais recente, por oferecer cada vez mais versões de um mesmo modelo.

Em 1953, as opções oferecidas nas concessionarias da marca eram a Kombi e o Fusca. Em 1963, dez anos depois, oferecia o esportivo Karmann-Ghia, além da Kombi e do Fusca. Já em 1973, as opções oferecidas eram o Variant 1600, o TL 1.600, o SP2 e o Karman Ghia TC, com apenas uma versão, e o Fusca 1.300, com a versão Fusca 1.500 “Fuscão” e a Kombi, nas versões Passageiros, Furgão e Pick-Up, porém, todos com um único nível de acabamento.

Chegou 1983, e a linha de modelos da Volkswagen consistia no Gol, na Kombi e no Fusca, com suas versões, com motorização refrigerada a ar, e a investida da marca com os motores refrigerados a água  com os modelos Passat, Voyage e Parati em suas poucas versões.

No inicio da década de 1990, mais precisamente em 1993, ou seja, 40 anos após o inicio de suas operações no Brasil, a linha de produtos oferecidos pela montadora continha a até então imortal Kombi e suas versões e o ressurreto Fusca – modelos estes que insistiam na contra produtividade e mantinham os motores refrigerados a ar – foi lançado o natimorto Logus, e apresentava os revistos Gol, Voyage, Parati, Saveiro, Santana e Quantum, 9 modelos que, excetuando-se os anacrônicos Kombi e Fusca, eram, em essência, o aproveitamento de uma mesma plataforma e um mesmo conjunto mecânico, no caso do Gol, Voyage, Parati e Saveiro e outra plataforma para Santana e Quantum. Para complementar suas ofertas, a montadora importava da matriz alemã os Passat VR4/VR6 e os Passat VR4/VR6 Station Wagon.

No ano de 2003, ao completar 50 anos de atividades, a linha oferecida pela Volkswagen continha os modelos: Kombi, Gol, Parati, Saveiro, Santana, Quantum, Golf, Polo e Fox, sendo o ano do ultimo suspiro da defasada Quantum e a estreia do Fox. 

O Gol chegava à sua terceira geração, com novas mudanças estéticas, com oito versões de motorização e acabamento. 

E chegamos ao ano de 2013, 60 anos após a ideia de Heinz Nordhoff, então presidente da Volkswagen na Alemanha, de expandir seus mercados para novos países, ter sido iniciada em nosso país que é hoje, depois da China, o país onde a Volkswagen tem a maior presença mundial fora da Alemanha.

O atual portfólio da montadora oferece, em nosso mercado, 22 modelos, re-distribuídos em uma grande gama de versões, motorizações e níveis de acabamento. 

Conforme mencionado no primeiro capitulo dessa matéria, a filial brasileira da montadora alemã comemorou com diversos eventos o 60° ano de sua implantação no Brasil, em uma fase que mostra claramente a já famosa globalização industrial, que faz com que as industrias busquem alternativas mais baratas nos quatro cantos do planeta, e lançam mão de todo e qualquer artifício para manter o que já tem e atrair novos clientes.

Apresentar uma linha de produtos, no final do primeiro trimestre do ano, como sendo já do ano seguinte faz parte desse arsenal de medidas mercadológicas. 

Medida esta com a qual não concordo, por ferir a inteligência do comprador pensar que, na metade do ano corrente, o carro comprado já estará desatualizado em relação à concorrência. 

Essa história de “ano X, modelo XX” costumava se aplicar em meados de novembro, pela proximidade do próximo ano.

Da forma como o marketing atual vem agindo, entendo que se em março de 2013 o modelo já é 2014, em junho será 2015, em setembro 2016 e, em dezembro, o consumidor estará comprando o modelo 2017, o que o levará a pensar que, na realidade, em março de 2013 está comprando um carro desenvolvido em março de 2009, o que não deixa de ser verdade.

Até o evento de lançamento da linha 2014, os modelos até então produzidos no Brasil eram:

Gol G4 (2005), Novo Gol (2008), Voyage (2008), Saveiro (2009), CrossFox (2009), Fox (2009), Polo (2009) e Golf (2009). Da Argentina vinham o SpaceFox (2010) e a Amarok (2010); 

os modelos Passat e Passat Variant (2010), Passat CC (2008) e Tiguan (2008) são importados da Alemanha, enquanto o Touareg (2011) é produzido na Eslováquia; 

o Jetta e Jetta Variant (2011) são produzidos no México, o New Beetle (2011), agora Fusca aqui, vem dos Estados Unidos, e o Eos (2005) é produzido em Portugal. 

As datas, entre parênteses, apontam a última revisão, estética ou mecânica dos modelos em nosso mercado.

No próximo e ultimo capítulo desta matéria, entrarei diretamente na análise da linha 2014, apresentada ao mercado para celebrar os 60 anos da Volkswagen do Brasil!

* Renato Pereira, renato@autopolis.com.br, é jornalista, designer técnico, projetista, ilustrador, piloto formado pela Escola de Pilotagem Interlagos com especialização em Proteção Empresarial. Há mais de 20 anos no setor automotivo e automobilismo, com passagem pela editora Abril entre outras, atualmente escreve parao site: www.autopolis.com.brwww.sitedomoquenco.com.br e diversas outras redações.
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