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quinta-feira, 11 de abril de 2013

UM DOS ASSUNTOS QUE SEMPRE VOLTA À BAILA NA IMPRENSA É O DOS LUCROS DAS FÁBRICAS DE AUTOMÓVEIS. NA VERDADE, É UM GRANDE NEGÓCIO VENDER CARROS NO BRASIL E A ENTRADA DE NOVOS FABRICANTES MOSTRA ISSO. MAS, A CONCORRÊNCIA "ESTRANGEIRA" JÁ CAUSOU UMA REDUÇÃO DAS VENDAS DAS CHAMADAS FÁBRICAS BRASILEIRAS. O TEMA É TRATADO PELO NOSSO COLUNISTA FERNANDO CALMON

Alta Roda 

Nº 728 —  10/4/13 

Fernando Calmon

GANHA-SE MUITO OU POUCO? 

Conhecidos os resultados consolidados da indústria automobilística, em março, que a Anfavea divulga todos os meses, poucos atentaram a um pormenor estatístico. 

Pela primeira vez, as quatro maiores marcas – Fiat, Ford, GM e VW – alcançaram 68,6% dos automóveis e comerciais leves comercializados. 

Ou seja, ainda representam pouco mais de dois terços das vendas, mas pela primeira vez abaixo de 70%.

Não é tão incomum, em outros países, as quatro maiores marcas dominarem cerca de dois terços do comércio interno, ao contrário do que muitos pensam. 

Japão e Índia são dois exemplos. Ou seja, a concorrência aqui é feroz e as quatro maiores tendem a perder participação de forma mais acelerada.

Esse surto de novas marcas vem em razão do rápido crescimento das vendas no Brasil, quarto maior mercado mundial e quase quatro milhões de unidades (com caminhões e ônibus) ao fim de 2013. Isso significou lucros crescentes, mas desalinhados do resto do mundo?

Segundo Carlos Gomes, presidente da PSA Peugeot Citroën Brasil e América Latina, cerca de 70 milhões de veículos leves produzidos no mundo, em 2012, deixaram lucro aproximado de US$ 50 bilhões. 

Desse total, US$ 18 bi foram ganhos na América do Norte; US$ 17 bi, na China; US$ 4 bi, na América Latina; US$ 2 bi, na Europa e US$ 9 bi no resto do mundo. 

Nossa região representou 8% das vendas e 8% dos lucros. América do Norte, 22% e 36%, respectivamente. Quem está mal mesmo é a Europa: 22% e apenas 4%.

Nos EUA há grandes distorções. Picapes e SUVs (45% das vendas) lá são considerados caminhões leves. 

Mas as margens são até quatro vezes maiores do que as de automóveis, o que não se considerou em pesquisa atribuída à consultoria IHS e ao Sindipeças. 

Pormenor: nos EUA não há importação de picapes, pois, o imposto tem alíquota de 25%, cerca de 10 vezes superior ao de automóveis, desproporcionalidade única no mundo. Em carros ganha-se um tantinho e em picapes/SUVs, um tantão...

Outro estudo recente, do Instituto de Planejamento Tributário, comparou preços com e sem impostos de algumas mercadorias nos EUA, Itália e Brasil. 

Claro, aqui tudo muito mais caro. Escolheram o Corolla entre os automóveis, mas só o confrontaram com os EUA, alegando ser modelo indisponível na Itália. 

Poderiam ter elegido o Focus, vendido nos três continentes. Será porque, sem impostos, a diferença de preço é pequena, ao contrário dos itens pesquisados?

De qualquer forma o cenário obrigará a diminuir a defasagem dos lançamentos, com impactos sobre rentabilidade. 

O site inglês just-auto chama a atenção de que mercados emergentes desejam comprar logo os carros expostos todos os dias na internet. 

E citou o caso da Honda, que decidiu descentralizar desenvolvimento e compras já a partir do novo Fit, abreviando seu lançamento aqui, em 2014. Até afirmou que a filial duplicará o número de engenheiros no País.

É o caso também da Fiat. Em Pernambuco, produzirá crossover utilitário e picape média dele derivado, já em 2015. 

Em 2016, versão utilitária para a marca Jeep e sedã médio baseado no Dodge Dart/Fiat Viaggio. Para Minas Gerais, ficará o subcompacto sucessor do Mille, em 2015. Tudo com forte participação técnica de brasileiros para agilizar.

RODA VIVA 

DIMINUIÇÃO de importações e recuperação de estoques fizeram do mês passado o melhor março da história: 319 mil unidades, de todos os tipos, produzidas. 

No primeiro trimestre a recuperação da produção, em relação a 2012, foi de 12%. Até dezembro, Anfavea espera que as fábricas produzam mais 4,5% sobre 2012, apesar de exportações fracas.

QUANTO às vendas, o presidente da associação (em fim de mandato), Cledorvino Belini, acredita que o ano será bom. Mas preferiu manter, por enquanto, previsão de crescimento de 3,5% a 4,5%, mesmo com dois aumentos de IPI cancelados até o fim do ano. Chegou a admitir 5% de avanço em 2013. Comportamento do PIB será decisivo para os resultados.

MERCEDES-BENZ deu uma guinada com novo Classe A, em versões de R$ 99.900 e R$ 109.900. 

De pequeno monovolume passou a hatch de estilo arrojado e coeficiente aerodinâmico dos melhores (Cx de 0,27). Interior cresceu: entre-eixos generoso de 2,69 m. 

Bancos dianteiros de encosto alto e alavanca seletora de câmbio na coluna de direção agradam.

MOTOR turbo 1,6 L/156 cv tem ótimo torque de 25,5 kgf∙m, entre 1.250 e 4.000 rpm. Casa à perfeição com câmbio automatizado de dupla embreagem, sete marchas. Interessante função aciona o freio de estacionamento ao se pisar com firmeza o pedal de freio, quando em marcha-lenta. Faltam GPS e faróis de neblina, justo na versão mais cara (de série, na de entrada).

UNIÃO Europeia deve rever ciclos de teste de consumo de combustível em laboratório. Números otimistas demais e difíceis de reproduzir na prática, em especial modelos híbridos. 

Provavelmente vão optar por correção linear dos valores, como aconteceu nos EUA e no Brasil, pois novo ciclo foi adotado há pouco mais de quatro anos. ____________________________________
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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