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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

DELEGAÇÃO DE PERNAMBUCO VISITA FÁBRICAS DA FIAT NA ITÁLIA E NA SÉRVIA. O OBJETIVO É COLHER INFORMAÇÕES PARA MELHORAR A FORMAÇÃO DE TÉCNICOS E ENGENHEIROS PARA IMPLANTAR NO NOVO PÓLO AUTOMOTIVO DA MARCA ITALIANA, DE GOIANA


Ao longo desta semana, uma delegação de oito diretores e professores de instituições de ensino técnico e de Engenharia de Pernambuco está visitando três fábricas da Fiat que se destacam pela tecnologia de ponta aplicada no processo produtivo e pela gestão baseada no sistema World Class Manufacturing (WCM). 

Liderado pelo secretário do Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo do Estado de Pernambuco,  Antônio Carlos Maranhão de Aguiar, o grupo percorre as fábricas de Pomigliano d’Arco e Cassino, ambas no sul da Itália, e de Kragujevac, na República da Sérvia, em missão que se encerra, amanhã, sábado, 2 de fevereiro.

As três fábricas foram equipadas ou reequipadas recentemente com sistemas produtivos voltados para a produção de alta qualidade, com conforto ergonômico para os trabalhadores, participação ativa das equipes de trabalho na melhoria dos processos e na redução de desperdícios. 

Novo Panda é produzido na fábrica de Pomigliano d'Arco

A unidade de Pomigliano d’Arco, situada nos arredores de Nápoles desde o final dos anos 1960 e especializada na produção de um único modelo, o Novo Panda,  foi a primeira unidade a ser visitada, na segunda-feira, 28 de janeiro. 

Nela, os visitantes puderam conhecer o amplo processo de reestruturação sofrido pela fábrica nos últimos quatro anos, que culminou com sua eleição como a melhor unidade industrial ‘lean’ (enxuta) da Europa em 2012 – ‘Automotive Lean Production 2012’ -  prêmio concedido por uma comissão de especialistas selecionados pela revista Automobil Produktion e Agamus Consult, que analisou instalações industriais em quinze países europeus. 

A seguir, o grupo visitou a unidade Fiat de Cassino, inaugurada em 1972 e totalmente atualizada, que se caracteriza pela flexibilidade. 

O belo e novo modelo Giulietta da Alfa Romeo é fabricado em Cassino
A unidade produz três modelos de marcas distintas: Fiat Bravo, Alfa Romeo Giulietta e Lancia Delta. É considerada um modelo de modernização de uma planta em movimento, isto é, não houve interrupção da produção para introduzir os novos processos de manufatura, que foram implantados através de capacitação intensiva da mão-de-obra.


Finalmente, o grupo visitou a planta de Kragujevac, na Sérvia (foto), inaugurada em abril de 2012 e considerada a mais moderna da Fiat no mundo. A planta produz o mais novo modelo da Fiat, o 500L. Também tem como característica contar com o parque de fornecedores integrado à fábrica, o que propicia inúmeras vantagens logísticas.

Alfredo Leggero, diretor de Manufatura da Fiat/Chrysler para a América Latina, acompanhou a visita e destacou que a iniciativa é importante para reforçar a relação entre empresa e escolas e para mostrar as necessidades de formação profissional para atender as demandas dos processos produtivos mais modernos. 

As fábricas visitadas têm padrão tecnológico similar ao que será implantado na fábrica que a Fiat começa a construir, em Goiana, Pernambuco, e que também operará no sistema World Class Manufacturing (WCM). 

“Esta foi uma grande oportunidade para que esta delegação conhecesse os modernos processos de manufatura e o que é preciso, em termos de capacitação e formação de pessoas, para fazê-los funcionar”, destacou Leggero. 

A fábrica de Pernambuco nasce integrada a um parque de fornecedores de 14 linhas de produtos, que compartilharão os mesmos conceitos de produção. 

“Estamos falando, portanto, de algo maior do que a formação de mão-de-obra que será requerida pela Fiat. Trata-se de formar as pessoas que vão operar um grande grupo de indústrias que se instalará em Pernambuco a partir da chegada da Fiat”, afirmou Leggero.

A fábrica de Pernambuco representa a oportunidade de  criar gestores e mão-de-obra operacional preparada desde a base para os requisitos do sistema WCM, o que traz grande possibilidades de inovação. 

Trata-se também de um processo de formação que pode ser mais profundo e abrangente quando comparado ao que ocorreu em alguma fábricas da Europa, nas quais o sistema produtiva e a capacitação foram reconvertidos a partir de um modelo já existente. 

“A Fiat vai dar apoio a este processo de enriquecimento da formação das pessoas, para que operem em processos tecnológicos mais avançados, que serão referência nos próximos anos”, acrescentou Leggero.
Empresa, governo e escola
O secretário do Trabalho, Qualificação Empreendedorismo do Estado de Pernambuco,  Antônio Carlos Maranhão de Aguiar, que liderou a delegação, observou que o contato com o atual nível tecnológico de uma indústria moderna é essencial para que a academia possa refletir sobre as necessidade de formação técnica e de qualificação decorrentes das novas demandas industriais. 

“A missão, neste sentido, não se esgota no objetivo de formar mão de obra para a Fiat, mas para todo o processo de reindustrialização pelo qual Pernambuco passa”, afirmou o secretário.

“Este é um processo que está começando e que pressupõe um intenso intercâmbio entre Fiat, Secretaria e instituições de ensino, para que possamos ser os operadores desta nova fase de desenvolvimento de nossa economia”, acrescentou o secretário.

O diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Pernambuco, Sérgio Gaudêncio Portela de Melo, observou que o conteúdo apreendido nas visitas foi importante para conhecer in loco as tendências globais dos processos de manufatura e pretende compartilhar estas informações em seminário interno com professores da instituição.

“O Senai tem um papel fundamental na preparação de técnicos, que cada vez mais precisam estar em sintonia com a tecnologia de ponta e com as demandas de mercado”, afirmou.

O professor Leonardo Limongi, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), vê nesta aproximação a oportunidade para ampliar a interação entre empresa e escola.

“Tanto a empresa quanto a universidade têm a ganhar com uma atuação conjunta na formação e também na pesquisa”, assinalou.

Da mesma forma, Kenia Carvalho Mendes, coordenadora dos cursos de Mecatrônica e de Controle e Automação da Universidade de Pernambuco (UPE), destacou nas visitas a compreensão mais clara do perfil do engenheiro requerido pela Fiat e, consequentemente, a necessidade de adaptação de metodologias e novos conteúdos  para responder à demanda. 

“É necessário dar mais enfoque ao gerenciamento de processos, de pessoas e de informação. É notável como a produção da Fiat está estruturada de modo que a informação relevante é identificada, captada e processada pelos operários na linha de produção, sendo transmitida de modo organizado para análise conjunta com as lideranças. É um processo de melhoramento e inovação contínuos”, destacou a professora.

Eliminação de perdas
O World Class Manufacturing (WCM) é uma importante metodologia de produção adotado globalmente pelo Grupo Fiat. O sistema é focado na eliminação de perdas e desperdícios e na melhoria continua e acentuada da qualidade, da eficiência e da segurança na produção. 

Opera com base em 10 pilares técnicos: Segurança, Desdobramento de Custos, Melhoria Focada, Organização do Posto de Trabalho / Manutenção Autônoma (atividades autônomas), Manutenção Profissional, Gestão Preventiva de Equipamentos, Controle de Qualidade, Logística, Desenvolvimento de Pessoas e Meio Ambiente. 

O WCM contribui para disseminar no chão de fábrica os conceitos que impulsionam novas atitudes e posturas dos colaboradores, que  são estimulados a liderar as mudanças para reduzir perdas e desperdícios em uma visão primeiramente reativa e que se torna preventiva e proativa na ótica do melhoramento contínuo, antecipando problemas e atuando para evitá-los. 


Luciano Massone, diretor de World Class Manufacturing da Fiat Group Automobiles (FGA), recebeu a delegação em Pomigliano d’Arco e disse que o desafio atual da produção de classe mundial não é apenas incorporar a melhor e mais moderna tecnologia disponível, mas extrair o máximo dos recursos instalados e melhorá-los continuamente através da especialização e mobilização das pessoas preparadas para operá-los.

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