Alta Roda
Nº 718 - 01/02/13
Fernando Calmon
INSPECIONAR CARROS
NOVOS?
Debater a inspeção veicular ambiental na cidade de São
Paulo, que tem a maior frota do país e equivalente à de vários Estados, voltou
ao centro das atenções, pois outras regiões metropolitanas deverão também tomar
decisões.
Afinal, o prefeito Fernando Haddad prometeu em sua campanha isentar
da inspeção os veículos leves com até cinco anos de uso e não cobrar mais tarifas
dos demais.
Arroubos políticos precisam ser criticados. Está corretíssimo
– e sempre foi a posição desta coluna – dispensar da inspeção automóveis novos que
passam por rigorosos testes e usam equipamentos antipoluição confiáveis (garantia
mínima de cinco anos) depois de apenas quatro meses do primeiro emplacamento.
É
assim, aliás, em todos os países: obrigação do quarto ano ou quinto ano de uso
em diante. Não parece justo, entretanto, impor tarifa gratuita em um serviço
que só beneficia parte dos contribuintes, apesar de potenciais ganhos indiretos.
Ainda há muito falatório, sem base técnica. A Secretaria do Verde
e Meio Ambiente (SMVA) da Prefeitura saiu com essa pérola: “O impacto para a
qualidade do ar será relevante, uma vez que os veículos mais novos contribuem
com cerca de 12% de toda a poluição." Nada mais falso.
A SVMA deveria
focar suas preocupações em veículos a diesel e, eventualmente, motocicletas,
sujeitos a desvios de padrão com a tecnologia atual.
Donos de automóveis que alteram
centrais eletrônicas para aumento de potência são em número ínfimo e nem sempre
pegos na inspeção.
Monóxido de carbono (CO), por exemplo, há muito deixou de constituir
preocupação. Material particulado (MP) exige atenção em motores diesel, mas
estes estão apenas em algumas picapes e SUVs caros.
Podem continuar a ser
inspecionados até a tecnologia Proconve P7 estar disseminada. Resta o ozônio,
cujos precursores são óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC).
Não se
faz medição de NOx porque exige o motor em carga, ou seja, sobre rolos embutidos
no solo, o que nem se cogitou na ânsia de inspecionar de qualquer jeito.
Dispensa dos veículos com até quatro anos de uso representaria
aumento nas emissões de HC mais reativas (somente veículos a gasolina) de apenas
0,1% da frota que comparece às estações, perda desprezível para a eficiência do
programa.
E o impacto na atmosfera não é de proporção linear, exigindo mais
estudos e menos palpites.
Bobagem, repetida por “ecochatos”: motores feitos aqui são
inferiores aos produzidos no exterior e os combustíveis, também.
O programa brasileiro
de controle de poluição segue bem de perto as normas de outros países.
Tanto o
diesel (agora com teor de enxofre de apenas 10 ppm, ou S10) como a gasolina (já
em 2014) estão alinhados às melhores especificações internacionais. Automóveis
no Brasil nem utilizam motores a diesel.
Ganho ambiental para a capital paulista seria expandir a
inspeção restrita e focada para ao menos a metade dos outros 38 municípios da
região metropolitana.
Países europeus e a Cidade do México já proíbem a
circulação livre de carros com mais de 20 anos de uso nas regiões centrais das
capitais, mas que político teria essa coragem? Mesmo ajustados, essa frota
polui até 50 vezes mais que a de carros novos.
RODA VIVA
ANO de 2012 mostrou
que forte concorrência entre 49 marcas de autos e veículos comerciais no
mercado brasileiro já bateu na lucratividade dos fabricantes e importadores
oficiais.
Remessas a matrizes no exterior caíram 56%, em relação a 2011. Ainda
assim, US$ 2,4 bilhões enviados representaram 2% do faturamento de US$ 120 bilhões
do setor.
COM 4,9 metros de
comprimento e 1.600 kg de peso, BMW 528i é um automóvel grande, mas ao mesmo
tempo ágil, seguro e relativamente fácil de manobrar com a câmera de ré, em
tela de 7 pol, no centro do painel. Incrível elasticidade do motor 2-litros turbo/245
cv/36 kgf∙m, ao mesmo tempo suave e sonoro. Conforto garantido por 2,97 m de
entre-eixos.
HYUNDAI acertou
ao agir, de certo modo discretamente, na decoração do HB20X. Ao contrário das
versões normais do compacto, cujo curso limitado das suspensões gerava pancadas
secas em lombadas foras do padrão, a “aventureira” não toma conhecimento. Isso
sem comprometer demais a estabilidade em curvas e retas no asfalto e no fora de
estrada leve.
COMEÇARAM vendas
do Toyota Prius, primeiro híbrido que deu certo no mundo e até hoje o mais
vendido. Preço, de fato, é bem salgado, R$ 120.830, apesar do subsídio da
fábrica. Tem 136 cv de potência.
Há perda internas no trem de força, pois o
motor a combustão entrega 99 cv e o elétrico, 82 cv. Consumo de gasolina em
cidade é inferior ao anotado em estrada.
GENERAL MOTORS também resolveu aderir às caixas
de câmbio automatizadas de duas embreagens.
Até agora resistia à sua adoção, ao
dar preferência aos tradicionais automáticos com conversor de torque.
Primeira
fábrica está em fase de conclusão no México. Aplicações devem começar na linha
Sonic/Trax produzida naquele país.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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