Alta Roda
Nº 678 - 24 de Abril de 2012
Fernando Calmon
MOTORES DE UM LITRO
EM QUEDA
O mercado automobilístico este ano continua, ainda, andando meio
de lado e há algumas explicações para isso. Primeiramente, porque a base
comparativa com o mesmo período do ano passado é muito elevada. O 1º semestre do ano passado mostrou crescimento de 10% nas vendas em relação a
2010, enquanto no 2º semestre já havia estagnação.
O segundo ponto – e mais importante – deve-se ao aumento da
inadimplência (passou de 3% para 5,5% em atrasos nos pagamentos superiores a 90
dias). Tal fenômeno tornou bancos mais seletivos ao liberar novos créditos, em
especial para os chamados modelos de entrada ou de menor preço.
Esse indicador
demora um pouco para recuar. O devedor só sai da lista de inadimplentes depois
de renegociar e liquidar os atrasados, mesmo que volte a pagar em dia, de
imediato.
Existe, no entanto, outro aspecto menos avaliado. Desde o
início do ano o governo federal vem falando em queda de juros nos
financiamentos em geral. Ora, quem compra carro a prestações adia sua decisão,
na esperança de poder pagar menos.
Embora os juros do CDC (crédito direto ao
consumidor) no ramo de veículos estejam entre os mais baixos, qualquer mudança
tem potencial de impacto positivo sobre o mercado. Se uma prestação cai de R$
500,00 para R$ 450,00, mantido o prazo do empréstimo, agrega milhares de novos
compradores.
Fenômeno interessante, dentro do quadro atual, é a contínua
queda de participação dos motores de 1 litro de cilindrada nas vendas totais, que
se aprofunda em 2012. A coluna, em seus 13 anos de publicação, sempre chamou a
atenção para o favorecimento tributário errado para essa motorização.
Ela
nasceu de modo tortuoso no governo Collor de Mello, em 1990, três anos antes do
advento do “carro popular”. Aliás, o precursor foi exatamente o Fusca, no
governo Itamar, que só tinha motor de 1,6 litro...
A legislação levou a sérias distorções de mercado, a ponto
de, em 2001, os carros equipados com motor de 1 litro responderem por 71% das
vendas. Houve uma geração de brasileiros que se arrastavam em estradas e
subidas por ser induzida a comprar um automóvel inadequado nas relações
peso/potência e peso/torque.
O cenário só começou a mudar a partir de 2002,
quando se estreitou a diferença de IPI e a “preferência” começou a cair
lentamente. Em março último, a participação desses motores caiu para apenas
40%, recorde de baixa.
Há razões para isso, inclusive as dificuldades relatadas com
financiamentos e o aumento do poder aquisitivo. Mas o comprador também se
convenceu de que perde pouco (ou nada, na maioria dos casos) em termos de
economia de combustível e ganha muito em prazer ao dirigir, se fugir dos
motores pequenos e inadequados aos carros e suas condições de uso.
Ao governo caberia corrigir esses erros do passado. Há
espaço, sim, para motores de baixa cilindrada, desde que conjugados a pesos e
propostas de veículos coerentes. O consumo normatizado seria o melhor critério
das alíquotas do IPI, em substituição à cilindrada.
Caberia à engenharia e à criatividade
técnica estabelecer a melhor relação entre preço final, desempenho e economia.
Bastaria lançar mão de recursos modernos: turbocompressor, injeção direta de
combustível e novos materiais.
RODA VIVA
FROTA nacional de
veículos atingiu quase 35 milhões de unidades, ao final de 2011, segundo
estatísticas do Sindipeças, incluindo automóveis e comerciais leves e pesados.
São 5,5 habitantes/veículo, semelhante à Argentina, mas atrás do México.
Somam-se, ainda, 11,6 milhões de motos. Números mais confiáveis que os do
Denatran, que despreza o sucateamento.
NOVO EcoSport
chega em junho, embora a versão de topo, Titanium (motor 2-litros), tenha
aparecido agora em avant-première e com tudo definido. Ford não liberou mais
informações. Porém, rebatimento do assento do banco dianteiro direito, que cria
volume adicional para objetos, foi substituído por uma gaveta, solução mais
prática.
DEPOIS de três
anos no mercado, o City 2013 recebeu retoques em para-choques, grades e lanternas
traseiras. Em algumas versões, novas rodas. Freios ABS estão agora em toda a
linha. Tanque de combustível passou de 42 para 47 litros. A Honda também
enxugou o número de versões e, afirma, manteve preços médios inalterados.
DUSTER tem
avançado nas vendas, pelo menos enquanto novos concorrentes não chegam, pela relação
preço/benefício muito boa. Estilo pode se discutir, mas proposta é honesta, no dia
a dia, com posição alta ao volante típica de SUV. Sai bem equipado de série. Opção
de câmbio automático de quatro marchas e seleção manual vai bem, apesar de
limitações de projeto.
LOJA conceitual
da Citroën, na chique rua Oscar Freire, em São Paulo, é interessante
experiência de marketing. Trabalha imagem e espírito da marca, diferenciados no
Brasil em relação ao exterior. Além de dar suporte ao lançamento da versão
esportiva DS3, cultiva a história e, ao mesmo tempo, absorve conceitos atuais
de interatividade da comunicação.
____________________________________________
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário