Coluna Fernando Calmon
Nº 1.154 — 17/6/21
MOBILIDADE COMO SERVIÇO
TENDE A CRESCER NO BRASIL
Está difícil prever
quando a produção mundial de semicondutores será regularizada. Antes se
estimava que ao longo do próximo semestre havia a tendência de empresas
especializadas no exterior começassem a regularizar seu fornecimento. Agora
isso parece ter sido adiado para o primeiro trimestre de 2022. No caso do
Brasil há quem veja dificuldades também ao longo do próximo ano.
Em nível mundial, a
queda de produção em 2021 da indústria automobilística, sobre o que antes
estava projetado, alcançará algo em torno de 5% ou cerca de quatro milhões de
unidades perdidas. Isso não quer dizer que 2021 será pior que 2020, mas indica
uma recuperação mais lenta. No Brasil, o crescimento das vendas em torno de 15%
parece assegurado e da produção, 25%, basicamente para recompor estoques e
cumprir compromissos de exportação.
Como cada fabricante aqui
vai arbitrar o atendimento da procura por veículos, é um fato a observar.
Entretanto, parece certo que a prioridade ficará com o varejo em detrimento das
vendas por atacado a locadoras, frotistas e governos. A versão Sense do VW
T-Cross, por exemplo, criada para atender especificamente PcD (Pessoas com
Deficiência), está sendo oferecida no varejo por R$ 93.000.
Segundo André Vieira,
da Solution4Fleet, há também um gargalo prejudicial ao crescimento acelerado dos
serviços de carros por assinatura. “Em consequência da produção atual fortemente
comprometida até outubro deste ano, prevejo volta à normalidade apenas por
volta de março de 2022”, afirma.
O que pode acontecer
mais adiante e como se darão as vendas futuramente foram objeto de um estudo
divulgado nesta terça-feira, 15, pela consultoria internacional R/GA, com
filial em São Paulo (SP). Após pesquisas ao redor do mundo, que incluíram o
Brasil, o relatório sobre Mobilidade como um Serviço (MaaS, em inglês) destacou:
· Quase 60% dos brasileiros que utilizam algum
tipo de serviço de mobilidade consideram deixar de ter veículos próprios e
passariam a usar somente MaaS nos próximos dez anos.
· Em comparação aos dados globais, os
consumidores brasileiros em geral têm 15% mais chances de substituir seu carro
por MaaS na próxima década.
Toda pesquisa envolvendo o longo prazo está sujeita a condicionamentos. Não se pode descartar, todavia, que quem experimente os serviços de assinatura acabe por retornar ao uso do veículo particular. A taxa de conversão definitiva ainda é uma incógnita.
Elétricos: países do G-7 desistem de datas
Mais de uma vez
expressei ceticismo em relação a datas ou prazos para migração total dos atuais
motores a combustão para os 100% elétricos. Pois no comunicado oficial da
reunião do G-7 (grupo dos sete países mais desenvolvidos), no domingo passado,
o discurso mudou. O G-7 se comprometeu a fazer mais para eletrificar o setor de
transporte, porém sem estabelecer datas-alvo firmes. Além de problemas
técnicos, os custos envolvidos tanto dos veículos quanto de infraestrutura são
muito altos.
Em outras palavras, o
rumo está correto, porém o ritmo precisa de avaliações cautelosas. Os híbridos
deveriam estar em um estágio mais avançado, antes de se tentar ou forçar uma
migração sem volta ao elétrico puro. Erros por precipitação podem cobrar seu
preço e atrapalhar qualquer plano.
ALTA RODA
NOVO diretor-geral no Brasil e presidente da Nissan Mercosul, o brasileiro
Airton Cousseau, manterá estratégia de produtos rentáveis (Kicks e Versa
V-Drive), exportar mais para países vizinhos e tentar a liderança entre elétricos
com o Leaf. Outra providência, já
colocada em prática, foi renovar o acordo com o Ipen (Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares) para acelerar pesquisas sobre veículos elétricos. A
partir de etanol, com estrutura de distribuição já existente, pode se obter
hidrogênio a bordo e um reformador levar eletricidade para o motor.
FIAT TORO continua sua rota de
sucesso com as mudanças estilísticas na parte dianteira: grade, para-choque e
capô novos. Na versão Volcano avaliada faróis principais, de neblina e DRL são
em LED. Impressiona o desempenho do novo motor turbo flex com potência e torque
específicos elevados: 1,33 L/185 cv e 27,5 kgf.m. Sem comparação ao motor aspirado
de um 1,75 litro (ainda disponível). No interior modernizado destaca-se o sistema
multimídia: internet dedicada, Wi-Fi e conexão com celular sem fio. Tudo fácil
de operar.
DIFERENÇAS entre os mercados brasileiro e argentino são evidentes. Não apenas
pelas picapes que recebem incentivos fiscais generosos no país vizinho e estão
entre os modelos mais vendidos (Hilux à frente). O sedã Cronos, de pouca
representatividade aqui, lidera entre os automóveis lá. E agora chegou o
primeiro lote de EcoSport fabricado na Índia. Enquanto o modelo aqui saiu de
produção, continua a ser vendido na Argentina.
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