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segunda-feira, 31 de março de 2014

ESTUDOS APONTAM PARA O FIM DOS COMBUSTÍVEIS DE ORIGEM FÓSSIL AINDA NESTE SÉCULO POR FORÇA DA PRESSÃO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE. DE CERTA MANEIRA, HÁ CONTROVÉRSIAS BASEADAS NO PESO DO CAPITAL GERADO POR ESSES PRODUTOS E PELAS POLÍTICAS DE CADA NAÇÃO. ENTRETANTO, UM PROBLEMA QUE ATESTA DE CERTA MANEIRA ISTO É A CAPACIDADE DAS BATERIAS E A SUA AUTONOMIA, MAS O HIDROGÊNIO SERIA A SOLUÇÃO, A QUE O DONO DA TESLA AFIRMA QUE É TUDO PAPO FURADO.


HIDROGÊNIO: 

SOLUÇÃO OU CONFUSÃO?

Por Fernando Calmon




Estudo recente da Shell prevê que petróleo e derivados só deixarão de ser fonte de abastecimento de veículos em 2070. 

O pico da demanda ocorreria em 2035, quando combustíveis alternativos, como o hidrogênio, passariam a representar papel crescente. 

Na realidade a tração elétrica terminaria por se impor, porém há duas vertentes para isso. 

Uma seria a conhecida bateria, utilizada há mais de 100 anos, que continua a dever muito em autonomia, peso, volume, tempo de recarga e, em especial, preço, sem falar da infraestrutura a instalar. 

Também falta equacionar a origem de produção de eletricidade ainda centrada em carvão e gás natural. 

A depender da matriz energética de cada país, as emissões de CO2 (um dos gases responsáveis pelo aquecimento da atmosfera) poderão não diminuir em relação aos motores atuais mais eficientes. 

E se o abastecimento for com etanol de cana os elétricos não trariam vantagens (pelo contrário), se as preocupações forem apenas mudanças climáticas.

A segunda opção para carros elétricos é a pilha a combustível. Conhecida desde 1838, tem fluxo contínuo de eletricidade. 

Há dois tipos: geração a bordo de hidrogênio por um reformador abastecido a gasolina, diesel, gás natural ou álcool (metanol ou etanol); fornecimento direto de hidrogênio a partir de um tanque pressurizado a 700 bar (3,5 vezes mais que um cilindro de GNV).

Pilha a combustível (fuel cell, em inglês) tornou-se opção às baterias de automóveis há 20 anos. 

Hidrogênio combina-se ao oxigênio do ar para gerar eletricidade e subprodutos simples: calor e vapor d’água. Reformador a bordo perdeu interesse para o tanque de hidrogênio.

Embora vários fabricantes tenham desenvolvido protótipos, só a Honda iniciou uma experiência prática, em 2008, com 40 unidades. 


Hyundai, Toyota, Daimler, Nissan, BMW e Volkswagen, entre outras, se animaram e vão produzir automóveis com essa tecnologia em estágio bem inicial.

As empresas petrolíferas parecem conformadas de que a era do combustível de origem fóssil termina no século 21. 
Não pelo esgotamento e sim por restrições ambientais. 

A Shell afirma que pilha a hidrogênio para motores elétricos é a solução, mas exigirá uma rede capilar de postos de abastecimento a ser criada.

Só faltou combinar o discurso com os fabricantes de baterias. Elon Musk, dono da fábrica americana de carros elétricos Tesla, foi contundente. 

“É puro marketing, só papo-furado”, disparou. Musk, o bilionário fundador do site de pagamentos PayPal, não produz baterias. 

Mas, apostou que podia juntar milhares de pequenas unidades de íons de lítio, tamanho AA, e aumentar a autonomia de seu Model S para mais de 400 quilômetros, o que nenhum veículo elétrico alcançou.

A era do hidrogênio, no entanto, traz gigantescos desafios. Um posto básico desse gás custa, hoje, em torno de R$ 3,5 milhões, de cinco a oito vezes mais que um convencional. 

Também precisa se saber a fonte de obtenção do hidrogênio – a própria energia elétrica, uma delas – e estudar o balanço de CO2. E, finalmente, o preço de um automóvel com pilha a hidrogênio.



Portanto, continuam mais dúvidas do que certezas sobre como mover o mundo. Além da briga entre bateristas e hidrogenistas, cada um puxando para o seu lado.


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