Alta Roda
Nº 708 - 22/11/12
Fernando Calmon
DOIS EXTREMOS NO
MERCADO
Pode parecer combinação, mas, claro, não foi. Com datas
escassas no calendário para a apresentação de tantos carros, Renault e
Chevrolet separaram apenas por algumas horas, no mesmo dia, a apresentação do
Clio retocado (terceiro modelo mais barato do mercado, atrás de Ka e Mille) e o
do SUV médio-grande Trailblazer (veículo mais caro em produção no Brasil).
A marca francesa adotou uma plástica inspirada no visual do
modelo que estreou, recentemente, no Salão de Paris.
Aqui, seguiu a toada local
e o batizou de Novo Clio. Argentinos são reticentes a essas liberdades de expressão
e lá, onde é fabricado, se chama Clio Mio.
Esse sopro de vida fez bem ao compacto, acompanhado por
pequenas reformas no quadro de instrumentos e forrações.
O preço – bastante
sensível nesse segmento -- foi cortado, em média, R$ 700 e parte agora de R$ 23.290
(duas portas) e vai a R$ 28.550 (quatro portas, ar-condicionado e direção
assistida).
Nenhuma versão traz itens como as três regulagens de altura (banco,
cinto e volante) ou alças de teto. Acrescenta de série, porém, o útil
computador de bordo. ABS e bolsas infláveis, nem como opcionais, a exemplo dos
concorrentes.
Bom trabalho feito no motor 1,0 L/16V/80 cv/10,5 kgf.m
(etanol), agora um flex verdadeiro, ao elevar a taxa de compressão para 12:1.
Outros
aperfeiçoamentos deram ao compacto o troféu de economia, com um avanço de
respeitáveis 9% sobre o anterior: 9,5/14,3 km/l, cidade e 10,7/15,8 km/l,
estrada (etanol/gasolina). Vence por muito pouco o Mille Economy que, na
estrada, faz 15,6 km/l (gasolina).
Em avaliação, por circuito urbano no Rio de Janeiro, o Clio
mostrou desenvoltura, inclusive na recuperação a partir de 30 km/h, em terceira
marcha, situação típica ao subir e aterrissar das famigeradas lombadas que
infestam as ruas brasileiras.
Estratégia diferenciada adotou a Chevrolet no Trailblazer,
ao romper qualquer laço com o antigo Blazer.
A começar pelo preço da única
versão disponível, a LTZ, topo de linha: R$ 145.450 (V-6, gasolina, 239 cv) e
R$ 175.450 (4-cilindros, diesel, 180 cv).
A diferença de R$ 30.000,00 dá para
adquirir até um compacto equipado, o que demonstra a pouca racionalidade de 70%
dos compradores da versão diesel.
O mercado de SUVs médios e grandes representa
180.000 unidades/ano (5% do total de veículos leves) e altamente rentável para
os fabricantes.
A GM espera vender apenas 400 unidades/mês do modelo e não
pretende, pelo menos por ora, oferecer nada mais barato.
Está disponível só na
versão de sete lugares, tração 4x4 engatável eletricamente, câmbio automático
de seis marchas e muito bem equipada em conforto e segurança.
Basta citar
alguns: regulagem de encosto nas duas fileiras traseiras, ar-condicionado de
controle separado para a parte de trás e airbags tipo cortina que se estendem à
última fileira.
Apesar do preço salgado, câmera de ré e navegador com tela
tátil são acessórios à parte.
O espaço interno é um dos pontos altos: 2,84 m de distância
entre eixos e largura de 2,13 m (6 cm maior do que Hilux SW4).
Porta-malas com os
últimos dois bancos rebatidos oferece nada menos que 878 litros (235 litros, o
mínimo).
Suspensão traseira recebeu molas helicoidais e cinco braços de
localização. Ao rodar, mesmo no asfalto, o Trailblazer mostra que os tempos de
aspereza e excessivo desconforto ficaram no passado.
O motor diesel é mais
silencioso que a geração anterior e o torque de 43,1 kgf.m impressiona. Já com
gasolina dá para esticar as marchas e a suavidade, bem maior.
RODA VIVA
FONTES ligadas
aos fornecedores confirmam que será fácil transferir a produção do Cruze (sedã
e hatch), a partir dos atuais kits CKD, de São Caetano do Sul para Rosário,
Argentina.
Em 2014, a GM lançará a nova geração do Cruze, conforme anunciado
nos EUA, e concentrará no país vizinho a fabricação de modelos médios, como já
fazem Ford e marcas francesas.
POUCO depois de
completar 30 anos de mercado, em junho último, a Parati entrou em processo de fim
de linha. A station compacta da Volkswagen liderou o segmento por quase duas
décadas e deixa saudosistas.
Em razão do encolhimento na procura por peruas,
suplantadas por SUVs e sedãs, sai de cena agora. Restam poucas unidades na rede.
ETIOS hatch, na
versão de topo XLS, motor 1,5 l/96 cv (etanol), é realmente um automóvel de
contrastes. Freios, motor, câmbio e, em especial, suspensões com raro
equilíbrio entre conforto e estabilidade, além de direção elétrica e precisa com
reduzido diâmetro de giro, agradam bastante. Uma pena a falta de tantos
acessórios e escolhas tão equivocadas no carro como um todo.
DEMOROU, mas
chegaram ao mercado películas transparentes de última geração para proteção de
peças metálicas ou de plástico, como as que revestem para-choques.
O Antichip,
da 3M (concorrentes devem surgir), é algo realmente útil e racional para
preservar a pintura em lançamento de pedriscos, batidas leves ao estacionar e
raspadas em obstáculos.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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