Alta Roda
Nº 696 — 30/8/12
Fernando Calmon
COMBUSTÍVEL É UM
BARATO
Uma notícia que assustou os brasileiros era mais do que
esperada por quem acompanha o mercado de combustíveis no Brasil. A nossa
gloriosa Petrobrás anunciou prejuízo de R$ 1,346 bilhões, no segundo trimestre do ano,
o primeiro desde 1999, quando o real sofreu forte desvalorização frente ao
dólar.
Atribui-se a John Davison Rockefeller (1839-1937), magnata,
filantropo e fundador da Standard Oil (ExxonMobil, hoje), a frase famosa: “O
melhor negócio do mundo é empresa petrolífera bem administrada; segundo melhor
é empresa de petróleo mal administrada.”
Se isso for verdadeiro, não precisa exagerar.
O prejuízo da paraestatal tem várias causas e a principal, com
certeza, são as interferências políticas do maior acionista, o Governo Federal.
Ações da companhia desabaram mais de 40% desde a sua capitalização recorde de
setembro de 2010.
Investidores não gostaram do aumento dos custos, do número de
poços secos e da baixa confirmação de produção comercial do subsolo marítimo, na
região de enorme potencial conhecida como pré-sal.
O maior problema, no entanto, foi o governo cair na tentação
de segurar artificialmente o preço dos combustíveis para “controlar” a inflação
desde 2005. Congelar o preço da gasolina nas bombas (na realidade o preço real
caiu, considerada a inflação) funcionou até zerar a Cide, imposto para compensar
a Petrobrás pelas variações de preço no exterior. O País é autossuficiente na
produção de petróleo, porém não de combustíveis de origem fóssil.
Distorções dessa política levaram à perda de competitividade
de preço do etanol e à necessidade crescente de importar gasolina e o próprio
etanol. Somado ao diesel, essa conta está atualmente em R$ 1,5 bi por trimestre.
Perturba também a distribuição pela falta de tanques nos portos e bases no
interior do país. A diferença de preço entre o combustível importado e o que a
Petrobrás recebe por ele é superior a 20%, segundo o Centro Brasileiro de
Infraestrutura.
Ninguém preconiza, obviamente, aumento de derivados dessa magnitude,
pois há outras variáveis na equação. No entanto, se tivesse ocorrido correção
do preço nas bombas, de 2% a 3% ao ano, geraria recursos de que a Petrobrás
precisa bastante.
Há investimentos em
curso em novas refinarias (já atrasadas e a custos extrapolados), além do
ambicioso e caríssimo plano de exploração e produção em alto-mar.
Efeito colateral desse erro primário foi estagnação e recuo
da produção de etanol. Investimentos pararam porque não dá para manter a
competitividade de 70% do preço da gasolina nos postos. Afinal, esta é
oferecida a preço congelado e custos agrícolas e industriais do combustível
alternativo continuam a subir.
Apesar de etanol de cana ser considerado
praticamente neutro em CO2, no seu ciclo de vida. Para a plateia
interna e externa o governo faz discurso ecológico, mas na realidade sua
política é contrária, ao menos na gestão atual.
Para a Petrobrás, maior empresa brasileira, doses de
humildade também serviriam. Considerada pela Forbes como quarta maior petrolífera
do mundo, não respondeu aos questionamentos da coluna sobre critérios da
revista.
Naquele ranking estão de fora grandes estatais do Oriente Médio e da
Opep, de capital fechado. Também não se pronunciou sobre reservas provadas de
petróleo frente às congêneres.
RODA VIVA
RUMORES confirmam
o que a coluna antecipou. Nova fábrica Fiat, em Goiana (PE), aproveitará
flexibilidade para produzir também produtos Chrysler. Estariam confirmados, além
de SUV compacto de combate ao EcoSport, picape média (anti-S10), Dodge
Dart/Fiat Viaggio (fim do Linea) e sucessor do Punto. Subcompacto para o lugar
do Mille, se sair, fica em Betim (MG).
RENAULT dispõe
agora de verdadeiro motor flex para Sandero e Logan 2013. Trata-se do 1,6 l, de
cabeçote convencional (8 válvulas) e maior taxa de compressão (12:1). Resultou
em mais 10% de potência: 106 cv/etanol. Consumo diminuiu 10% em ciclo urbano e
5%, estrada (4%, média ponderada). Fábrica afirma que obterá nota máxima (A) na
etiquetagem 2013 do Inmetro.
PRESIDENTE da
Renault brasileira, Olivier Murguet, garante que eventual defasagem da linha
Sandero/Logan, em relação à Europa, vai encolher bastante. Entre seis e nove
meses, todos estarão alinhados. A começar já em 2013.
APOIO à Honda por
oferecer também câmbio manual de 6 marchas, de ótimo manuseio, no CR-V, mesmo
representando menos de 10% das vendas. Mantém o silêncio a bordo: 120 km/h,
motor a 3.000 rpm (no automático, 5 marchas, 2.400 rpm). SUV baseado no Civic é
espaçoso, tem acabamento honesto e inclui sistema muito prático de rebatimento
total do banco traseiro.
COMEÇOU no México
a pré-produção do Sonic, hatch e sedã. Antes do final do ano, ritmo será acelerado
e ambos passarão a vir de lá e não mais da Coreia do Sul. A GM se livra do IPI
extra e do imposto de importação que incidem, hoje, sobre os dois modelos. SUV
compacto Trax também entra em breve na linha de montagem mexicana e chega ao
Brasil no início de 2013.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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