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terça-feira, 9 de julho de 2013

NINGUÉM PODE NEGAR QUE O BRASIL É UM PAÍS PREOCUPADO COM A SITUAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO PLANETA E DEMONSTRA SER UMA NAÇÃO QUE DESEJA ATINGIR A MAIORIA NA SUSTENTABILIDADE, MAS EM TERMOS DE MOBILIDADE COM VEÍCULOS ELÉTRICOS, NÃO POLUENTES, ESTÁ PRATICAMENTE NA ESTACA ZERO, ENQUANTO NA PEQUENA ESTÔNIA JÁ HÁ UMA REDE DE RECARGA DE CARROS ELÉTRICOS. JOÃO CARRO ADERALDO, ESPECIALISTA NO ASSUNTO, EXPLICA QUE NO BRASIL FALTA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS DE INCENTIVO.




Mercado de veículo elétrico evoluiu e pode tornar nossas cidades mais inteligentes

Por João Carro Aderaldo*


O Brasil é hoje uma das nações mais preocupadas com a pegada ambiental, ou seja, o impacto que toda e qualquer ação deixa no planeta. 

Ocupa a terceira colocação, atrás de Índia e China, em consumo consciente, segundo a Greendex, que mede e monitora a preocupação dos consumidores com questões relacionadas à sustentabilidade. 

O resultado expõe uma grande contradição: a intenção de comprar produtos menos agressivos ainda não se traduz em ação, pelo menos no que diz respeito a carros elétricos. 

Enquanto há somente 70 unidades em circulação em todo o país, a frota motorizada aumentou cerca de 77% nos últimos dez anos nas 12 das principais metrópoles brasileiras.
Os veículos elétricos são mais econômicos e ambientalmente mais amigáveis do que os tradicionais. 

Com emissões nulas de gás e de partículas e operação extremamente silenciosa, oferecem uma alternativa promissora para o setor de transportes do futuro. 

Estudo realizado na Europa apontou que o carro elétrico é mais sustentável que o veículo com motor de melhor desempenho. 

Sabe-se que os meios de transporte motorizados são hoje responsáveis por quase 25% da demanda mundial de energia e contribuem em igual porcentagem para a emissão de gases de efeito estufa. 

Esse quadro preocupa ainda mais quando lembramos que a demanda de energia deve dobrar até 2050, enquanto as emissões de dióxido de carbono precisam cair pela metade. 

Obviamente, que vários fatores condicionam o sucesso dos veículos elétricos e, no topo da lista, está a infraestrutura de recarga. 

 A segurança é, talvez, a maior preocupação dos consumidores – é possível carregar os veículos em casa evitando riscos elétricos e outros perigos? 

A resposta é sim. A indústria já evoluiu muito e os usuários de veículos elétricos já contam com soluções inovadoras para gestão segura, confiável e rentável da sua energia. 

Tanto é verdade que a Estônia, um pequeno país báltico com pouco mais de 1 milhão de habitantes, foi o primeiro a implantar uma rede nacional de recarga de carros elétricos. 

A própria indústria automobilística tem ajudado a alavancar os serviços, promovendo verificação da instalação elétrica da casa dos clientes, assim como fornecimento e montagem do ponto para reabastecimento do veiculo de forma a possibilitar mais segurança e rapidez do carregamento das baterias, tanto em casa quanto no escritório.

O investimento em smart grids também deve beneficiar a expansão do mercado. Em todo o mundo, as redes de energia elétrica estão se tornando mais complexas e menos estáveis. 

Para equilibrar a oferta e demanda, é preciso tornar essa rede mais inteligente e conectada, o que possibilita gerir de forma mais eficiente a demanda crescente, além de maximizar os benefícios com custo e ambientais. 

Estima-se que o setor de energia elétrica poderia cortar até 18% do uso de energia e, consequentemente, as emissões de dióxido de carbono até 2030, ao adotar, de forma agressiva, tecnologias mais inteligentes. 

Eficiência energética é um dos grandes temas da atualidade e deve se tornar ainda mais importante com o crescimento das cidades e o aumento da preocupação com o futuro.
As soluções de smart grid também facilitam a integração dos veículos elétricos, principalmente no que diz respeito a custos, outra preocupação dos consumidores, por permitir que o carregamento ocorra fora dos períodos de pico, otimizando o processo, mitigando a necessidade de estações de energia adicionais e de reforço na capacidade de transmissão e sistema de distribuição para atender a uma carga maior. 

Assim, também ajudam a minimizar as emissões de CO2 ocorridas na geração de eletricidade.

Para o futuro, especula-se, ainda, que os carros elétricos poderão ser usados como dispositivos de armazenamento de energia para distribuição, isto é, será possível utilizar a energia elétrica disponível na bateria para alimentar o sistema quando necessário ou até para uso no interior da casa ou do escritório. 

Como ficam estacionados, em média, 95% do tempo, esta seria mais uma alternativa para reduzir os custos do sistema de energia elétrica, bem como os impactos no meio ambiente. 

Para o sucesso deste segmento, será necessário investir ainda mais na estabilidade do sistema e na diminuição de custos com energia.

Até 2015, cerca de 2,7 milhões de veículos elétricos ganharão as ruas no mundo todo. Espera-se que o Brasil assuma uma posição condizente com a importância que dá para a sustentabilidade. 

Tudo indica que, além de políticas e incentivos públicos, falta hoje informação ao consumidor, que certamente tem interesse em tornar a mobilidade urbana das nossas metrópoles mais inteligente e sustentável, o que contribuirá significantemente para a qualidade de vida dos seus cidadãos.

* João Carro Aderaldo é vice-presidente da Unidade de Negócios Partner da Schneider Electric do Brasil .

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