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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

FERNANDO CALMON COMENTA NA COLUNA "ALTA RODA" SOBRE A DECISÃO DA TOYOTA TRAZER PARA O BRASIL O ATIOS, MAS, DESFIA UMA SÉRIE DE ITENS NEGATIVOS, INCLUSIVE A INSCRIÇÃO NA PRTINHOLA DO TANQUE DE COMBUSTÍVEL DE UM AVISO PARA A CADA 10.000 KM ABASTECER COM GASOLINA, MAS, ELOGIA A EFICIÊNCIA DA SUSPENSÃO. ANUNCIA A INCLUSÃO DE AIRBAGS E ABS, DE SÉRIE, NO FOX, DA VW E MUITO MAIS



Alta Roda

Nº 700 — 27/9/12

Fernando Calmon


META POUCO AMBICIOSA

Primeiro compacto produzido pela Toyota no Brasil aguça as análises. Afinal, o Etios é produto do atual maior fabricante de veículos do mundo, mas parece que faltou alguma coisa. O carro foi lançado, em dezembro de 2010, na Índia. Claro que a marca japonesa fez modificações como melhor isolamento acústico, índice de rigidez da carroceria 15% superior, alguns materiais de acabamento diferenciados, porém, o carro essencialmente é o mesmo.

Como não é oferecido com motor de 1 litro no exterior, já aparece em desvantagem de preço. Parte de R$ 30.000, no entanto, com menos equipamentos que os rivais, pois o IPI onera em 4% seu custo. Em torno de 45% dos carros vendidos hoje têm motores de 1 litro, mas entre os compactos a proporção está próxima de 60%. Desconsiderar esse cenário talvez funcione para a versão sedã do Etios e nada no hatch.

Estilo não se destaca: faróis, laterais, além do perfil do sedã, estão longe de agradar. Em relação à sobriedade do Gol, a atualização do Palio ou o arrojo do HB, destoa bastante. Problema maior está no interior: má visibilidade do quadro de instrumentos central, saídas de ar assimétricas, macaco sob o banco do motorista (mesmo no sedã, com seu enorme porta-malas de 562 litros). Há regulagem da altura do volante, mas não do banco e nem de ancoragem do cinto.

Espaço interno, especialmente para cabeça e pernas no banco traseiro, além do assoalho quase plano, o redimem em parte. Vidros das amplas portas traseiras do sedã abrem só até a metade, embora espaço atrás rivalize com Logan, Cobalt e Grand Siena. Porta-malas do hatch (270 litros) está na média do segmento. O tanque de 45 litros limita a autonomia. A Toyota colocou aviso, sem sentido, na portinhola do tanque, para abastecer com gasolina a cada 10.000 km. Afinal, é flex ou não? O que acontecerá se rodar apenas com etanol?

Rodar com o Etios ameniza suas fraquezas. Motor moderno, em alumínio (multiválvulas e duplo comando), de 1,3 l/90 cv é vivo, silencioso e forma um conjunto particularmente agradável com o câmbio. A 120 km/h o motor está a confortáveis 3.500 rpm. Versão XLS do hatch oferece o de 1,5 l/96,5 cv por R$ 42.800 e até sobra, considerando seu peso abaixo de 1.000 kg. No sedã, este é o único motor disponível, e ainda mais agradável em estradas. Seus preços vão de R$ 38.900 a R$ 44.700 e, novamente, não se enquadra na melhor relação preço-benefício.

A fábrica espera enquadrar ambos em nível A, no programa de etiquetagem de consumo do Inmetro. Característica diferente é que, no caso do motor de 1,3 l, a diferença é muito pequena entre cidade e estrada: 8,5 km/l e 9 km/l, etanol; 12,5 km/l e 13 km/l, gasolina.

Suspensões mostram a tradicional eficiência da marca quanto ao equilíbrio entre firmeza e conforto, além de absorver com eficiência as piores condições de piso. Passa sensação de solidez construtiva e sem ruídos. É ponto alto do carro. Direção eletroassistida, também precisa e macia, tem volante de boa pega, mas ligeiramente enviesado.

O que deixa sensação de pouco foco nas diferenças entre os mercados indiano e brasileiro aparece em economias explícitas. Tampa traseira do hatch possui apenas uma mola a gás e uma cordinha de sustentação do tampão do porta-malas. Compartimento do motor e parte interna do capô sem pintura igual à da carroceria. Não há para-brisa degradê e nem opção de câmbio automático ou automatizado.

O Etios pode vender as 70.000 unidades/ano esperadas, apenas pela força da marca. Ambição modesta, como o carro.

RODA VIVA 

NOVO compacto da Chevrolet, Onix estará à venda no final de outubro. Pensava-se, inicialmente, que utilizaria a arquitetura mais nova GSV (em português, veículo pequeno global), presente nos Sonic, Cobalt e Spin. Parece, no entanto, mais uma derivação do Corsa de primeira geração, que já gerou o hatch argentino Agile. GM não confirma e nem desmente.

VOLKSWAGEN anunciou que airbags dianteiros e freios ABS passam a vir de série no Fox, com motor de 1,6 l, ao preço de R$ 1.000. Portanto, está aí a referência mais direta sobre quanto os modelos na faixa acima de R$ 35.000 podem encarecer até 2014, quando a obrigatoriedade surgir. Com motor de 1 litro (IPI menor) adicional deve ser um pouco menos.

PALESTRA de Marcos Borges, do Inmetro, em seminário da Ford sobre eficiência energética, em São Paulo, confirmou que emissões de CO2 terão metas de redução oficiais. O instituto prepara um guia para o consumidor, a ser lançado no próximo Salão do Automóvel, em outubro, no Anhembi. O fabricante detalhou o downsizing do motor EcoBoost (2 l/240 cv) do novo Fusion.

LACRADAS as portas do Museu do Automóvel, em Brasília, depois do Ministério dos Transportes ter requisitado o imóvel, de sua propriedade, para uso menos nobre. Para a capital federal não ficar sem memória histórica sobre a máquina que mudou o mundo, era necessária mais sensibilidade pelo menos por parte da administração distrital da cidade.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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