Alta Roda
nº 698 — 13/9/12
Fernando Calmon
CEDO PARA PREVISÕES
Extrapolar a barreira de 400.000 unidades vendidas em um
único mês, enquanto o crescimento do País patina em torno de 0,5% ao ano, são
dessas coisas típicas do Brasil. Agosto, ajudado também por ser o mês mais
longo do ano, com 23 dias úteis, bateu recordes: 420.000 veículos (inclui
caminhões e ônibus) comercializados, 28% acima de agosto de 2011 e 5,5%
superior, no acumulado dos oito primeiros meses.
A produção, também recorde, de 329.000 unidades, no entanto,
cresceu apenas 1% (mês contra mês) e no acumulado, 7% de queda. Não é bom sinal
por demonstrar que as exportações em baixa deixam de gerar empregos aqui. Hoje,
menos de 15% da produção vai para o exterior, quando o ideal seriam 25%, no
mínimo.
Boa parte da falta de competitividade deve-se ao real valorizado, mas
os custos elevados só agora começam a ser enfrentados com a anunciada expansão da
infraestrutura e menos impostos sobre energia elétrica. Anteriormente, a carga
fiscal sobre a mão de obra havia sido levemente aliviada.
A corrida às lojas, na última semana do mês passado, se
explica pelo receio do fim dos incentivos. Afinal, o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, sempre negava a possibilidade de prorrogação, embora acrescentasse que
era sua posição “no momento”.
O desconto do IPI, em teoria, vai até 31 de
outubro, porém continuará mesmo até 31 de dezembro. A dúvida da coluna é se, em
outubro, começará o escalonamento da redução ou apenas no final do ano. Esse
filme já foi visto e dependerá do nível das vendas até lá.
O resultado excepcional do mês passado vem, em parte, de
demanda autorreprimida, desde abril, quando começaram rumores de que o IPI ia
baixar. Essas manobras fiscais funcionam melhor aqui porque o Brasil sofre a
maior carga tributária sobre veículos no mundo.
A União perde alguma receita
direta, de fato (estados e municípios, ao contrário, ganham). Mas, graças ao efeito multiplicador sobre o crescimento da economia acaba recuperando com
alguma folga.
Se as vendas internas de veículos crescerem mesmo 5% em 2012,
como a maioria dos analistas admite, teriam um impacto de até 0,7% sobre o PIB
brasileiro, soma de tudo o que se produz e consome. Portanto, além da qualidade
dos empregos na indústria automobilística (salários mais benefícios
voluntários), o governo acaba sendo pragmático: tem uma fórmula e sabe que
funciona.
No cenário de hoje, os estoques totais de 19 dias, no final
de agosto, provavelmente são os menores em nível histórico. Não é bom por
diminuir as opções do consumidor e seu poder de barganha na hora da compra.
Na
realidade, ocorre uma distorção estatística, quando há súbitos movimentos de
alta demanda, e agora em setembro os estoques voltarão a subir.
Resta saber o que acontecerá em 2013. O movimento de
antecipação de compras este ano prejudicará as vendas no próximo? Em geral isso
acontece no exterior, em programas de renovação de frota, ou mesmo aqui e agora
com o mercado de caminhões, que desabou depois das compras adiantadas de 2011.
Os otimistas acreditam que o crescimento do PIB do próximo ano dará sustentação
ao mercado. Certo, a trajetória deve se manter em alta. De quanto será, é cedo
para prever.
RODA VIVA
NOVO Golf VII, à
venda na Europa em dois meses, utiliza recursos sofisticados de produção. Projeto,
porém, prevê a produção também fora da Alemanha, a preço competitivo. Isso
coloca o México na rota do carro, onde já se produz sua versão sedã, o Jetta. VW
faz ainda o velho Golf IV no Brasil e tem essa “dívida” no mercado brasileiro.
Há chance de resgatá-la. A confirmar.
NOME de projeto
batizar o carro não é comum, mas a Chevrolet optou pelo nome Onix (sem acento) para
o novo compacto, a estrear no Salão do Automóvel de São Paulo (24/10 a 4/11).
Versão hatch conviverá com o Celta, enquanto o sedã substituirá o Prisma.
Também o SUV derivado da S10 estará no salão: TrailBlazer, nome internacional, deve
se manter.
COINCIDENTEMENTE,
pouco antes a Hyundai também repetiu o nome do projeto HB no seu primeiro
compacto brasileiro, fabricado em Piracicaba (SP). Referência HB20 será utilizada
nas outras duas versões do modelo: o “aventureiro”, a se apresentar no salão; e
o sedã, no início de 2013. Na Índia, o sedã compacto se chama Verna, mas a
denominação ficará por lá mesmo.
ALÉM de anunciar
venda, em 2013, do novo EcoSport na Europa (sem dizer se produzido lá ou
importado), Ford confirmou o novo Mustang, em 2014, no Velho Mundo. Para tanto,
ganhará refinamento mecânico e linhas de aceitação mais internacional. O Fusion
terá motor EcoBoost de 3 cilindros/1 litro, algo de fato inédito para um modelo
desse porte.
SUBSIDIÁRIA da
Nokia, NavTec ampliou o programa de monitoramento em tempo real das condições
de tráfego para Brasília, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. São
6.500 quilômetros de vias vigiadas quanto a engarrafamentos e informadas as
condições a navegadores GPS (Airis, Garmin e Magellan).
___________________________________________________fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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