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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

FERNANDO CALMON MOSTRA PORQUE OS CARROS NO BRASIL SÃO TÃO CAROS

  • ALTA RODA

    Nº 697 5/9/2012


    FERNANDO CALMON 

    CARRO É CARO NO BRASIL POR CONTA DO REAL - COMPARAÇÕES BIZARRAS

    Voltar a comentar sobre os preços dos carros no Brasil parece redundância, mas, de tempos em tempos, surgem comentários fora da realidade. Virou até manchete de jornal. Mais do que óbvio, o que se paga aqui é muito alto.
O problema começa ao apontar os vilões por essa diferença, quando se comparam outros países. E aqui, convém ressaltar, a importância da relação cambial entre moedas, em geral, é pouco citada por “analistas”.
No País, o dólar já valeu até menos de um real. Mas, também, beirou os R$ 4. A maior cotação aconteceu em outubro de 2002 e os carros brasileiros ficaram entre os mais baratos do mundo. 
Um jornal citou o fato, num canto de página. Obviamente, os mesmos modelos se alinharam entre os mais caros, mesmos reajustados abaixo da inflação, com o dólar perto de R$ 1,50, em abril de 2011.
Agora, a R$ 2,05, veículos lá fora encareceram 33%, em reais, e ninguém noticiou. Continuou grande a diferença, mas se o dólar subisse, por hipótese, para R$ 3,00 e se retirados todos os impostos, aqui e lá fora, para a comparação correta, nada se falaria. Ainda assim, desvalorização cambial é só consolo e não solução.

CONTA CERTA

O Honda Fit, que na França se chama Jazz, custa lá em torno de R$ 49 mil, quase o mesmo valor cobrado no Brasil.  

Há erros primários em algumas comparações de preços. No Brasil, o frete é único, embutido e extremamente elevado. Além disso, desconsideram os equipamentos, como no caso do Fit (Jazz na França). O equivalente ao vendido aqui custa perto de R$ 49 mil. Retirados frete e diferença de impostos, os valores ficam quase iguais.
Ideais seriam preços divulgados sem impostos e acrescidos na hora da compra, a exemplo de outros países. Nos EUA, um veículo custa 100 e tem preço de 94, sem impostos. Carga fiscal: 100 dividido por 94, igual a 6,3%.
Aqui, custa 100 e preço médio na fábrica, 67. Carga fiscal: 100 dividido por 67, igual a 49%. Automóvel produzido no Brasil sobe quase 50% da fábrica para a loja, fora o frete. Essa conta vale para tudo que se vende aqui, de roupa a alimentos.
MARGEM DE LUCRO
A margem de lucro da Mercedes é em torno de 12%
Sobre os custos de produção nem adianta argumentar. Poucos levam em conta seu peso crucial na formação de preços. Se perguntar a uma pessoa comum quanto é o lucro da fábrica no valor de venda de um carro, muitos responderão 30%. Porém, a margem média mundial, hoje, está em 5%, deprimida pela crise econômica. 
Fabricantes como Toyota ou o trio-de-ferro alemão (Audi, BMW e Mercedes) ganham 12%, ou mais, em tempos normais. Rentabilidade sustentável sobre as vendas é de 8% e as fábricas generalistas convergirão para essa meta, como anunciou a Nissan.
A Fiat é a única que revela balanços de resultados no país; lucro de vendas em 2011 foi de 11%

Só a Fiat publica balanços de seus resultados aqui. O lucro sobre as vendas foi de 11%, em 2011. Muito ou pouco? Muito, se comparado à média (atual) no exterior. Ajudou o fato de o mercado ter dobrado de tamanho em seis anos, embora sujeito a graves depressões, como de 1998 a 2003. E dinheiro atrai dinheiro, ou seja, novos concorrentes.

Os três maiores fabricantes dominam, de fato, cerca de 60% do mercado. Nos EUA, há poucos anos, a proporção era até superior. No Japão e outros países é comum os três principais terem mais de 50% do mercado.

Se o lucro, agora, fosse de 3%, ainda teríamos automóveis muito caros. Para acabar com comparações bizarras e uso de matemática frívola, custos e impostos têm que ser atacados -- e resolvidos -- de verdade.

RODA VIVA

Nissan ainda não anunciou, mas também fabricará motores no complexo que constrói em Resende (RJ). A exemplo da Toyota, há necessidade de novos investimentos para atingir a proporção exigida, no novo regime automobilístico, entre peças importadas e compradas no mercado interno. Resta saber que motores serão produzidos para March e Versa.

Cobalt agora exibe desempenho compatível ao oferecer motor 1.8 de 108 cv. Potência específica é baixa, porém torque aumentou para 17,1 kgfm (etanol) e consumo diminuiu, segundo o fabricante, que está fora do programa de etiquetagem Inmetro. Câmbio automático de seis marchas tem seleção manual no pomo da alavanca: prático, basta acostumar.


Para quem aprecia desempenho, Audi A1 Sport, 185 cv, traz sensações poucas vezes vistas entre compactos premium. Partindo de salgados R$ 109.900, o motor tem respostas impressionantes, mesmo em baixas rotações: combina compressor e turbo. Casa à perfeição com caixa automatizada de duas embreagens, sete marchas. Clique aqui para ler a avaliação.


Volkswagen terá cinco produtos com pacote R Line, todos importados, conjunto de itens de esportividade de bom gosto e discrição. Depois do CC, agora é a vez do Touareg V8, de 360 cv. Por R$ 26.300, inclui teto solar, indicador de ponto cego e controlador ativo de velocidade. Transmite sensação de solidez e é bom no asfalto (principalmente) e na terra.

Editora Alaúde lança o livro do inglês Michael Scarlett, sob título Porsche 911: O esportivo mais respeitado do mundo. Modelo completará 50 anos, em 2013. Com 160 páginas e muitas fotos, original é da inglesa Haynes Publishing. Tradução de Bob Sharp e Daniel Miranda. Preço de pré-venda: R$ 67 (informações, aqui).

Siga o colunista: www.twitter.com/fernandocalmon

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